Dengue: números apontam epidemia em Niterói, SG, Itaboraí e Maricá
Em Maricá, governo nega e tenta mascarar problema.
Problema no Parque Aquático em Maricá já foi solucionado. |
Os números de casos suspeitos de dengue aumentam, semanalmente, na Região Leste Fluminense. As autoridades ainda não falam em epidemia para as cidades de Niterói, São Gonçalo, Itaboraí e Maricá, mas os números apontam para esse quadro na maioria delas. As cidades juntas registram 5.672 casos suspeitos de dengue acumulados entre o início do ano e na última quarta-feira e seis mortes pela doença confirmadas, cinco em São Gonçalo e uma em Maricá. E, quando calculada a taxa de incidência, utilizando a relação do número de casos suspeitos da doença com o número da população, o resultado coloca na classificação de epidemia Niterói, Itaboraí e Maricá.
O Ministério da Saúde classifica como epidemia quando a taxa de incidência em uma cidade passa de 300 casos de suspeita da doença por 100 mil habitantes. A cidade de Niterói está com a taxa de incidência de 337 casos suspeitos notificados por 100 mil habitantes, considerando dados do último levantamento da Secretaria Estadual de Saúde. O que já pode ser considerado um caso de epidemia.
Em pior situação está Itaboraí e Maricá, ambas apresentam uma taxa de incidência muito alta, 646 e 542, respectivamente. São Gonçalo, apesar de ter o maior número acumulado do ano de casos suspeitos de dengue, 1924 notificações, tem uma taxa de incidência moderada, de 192 casos por 100 mil habitantes, por causa da grande população (999.900 habitantes).
O infectologista Edmilson Migowski, do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), diz que, apesar de as cidades só terem atingido este número de casos agora, elas já devem estar vivendo o quadro de epidemia há algumas semanas.
“Historicamente, apenas 10% de casos de doença são notificados. Se levarmos em consideração que os casos leves de dengue não são notificados e apenas um terço da população apresenta sintomas que permitem que o médico diagnostique a doença, este número divulgado corresponde a 30 vezes menor que o número real”, diz Migowski.
O especialista acredita que a subnotificação ocorre por falta de um sistema informatizado e médicos muito atarefados que não possuem tempo para fazer a notificação. Para ele, os números de 2011 assustam.
“Este ano é diferente, além do número alto de contaminação, foi registrado no país um novo tipo da doença, o tipo 4, e a existência de uma população vulnerável, que já foi previamente exposta aos outros tipos, pode criar um caso de letalidade maior do que visto antes”, explica o infectologista.
A Secretaria estadual de Saúde não considera que as cidades da Região Leste Fluminense estejam em situação de epidemia. O motivo é que os critérios para avaliar um quadro de epidemia no Estado, vão além da relação número de casos e população, considerando também itens como a série histórica de casos notificados e se a curva de incidência se sustenta ao longo do tempo. Ainda de acordo com a secretaria, neste momento, Maricá, Niterói, São Gonçalo e Itaboraí não estão com epidemia e nem correm o risco de estar nessa situação.
Critérios diferentes
No final de março, a Prefeitura do Rio alterou seus critérios para definir a taxa de incidência de epidemia da dengue. Antes do novo método, 14 bairros estavam sob alerta de surto, com a mudança todos os bairros saíram desta condição. A Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro acrescentou o item de tendência ininterrupta de alta dos casos nas últimas cinco semanas, descaracterizando a situação de epidemia nos bairros da cidade. Atualmente a cidade do Rio de Janeiro tem 21.915 casos suspeitos notificados.
O critério da Organização Mundial da Saúde, seguido pelo Ministério da Saúde (MS), considera que existe epidemia quando há mais de 300 casos por 100 mil habitantes. O MS informou que os Estados e municípios têm autonomia para definir suas metodologias, desde que informe o número de casos suspeitos notificados.
No Estado são 56.882 casos suspeitos notificados e 39 mortes confirmadas. O maior número de casos está na capital: 13. Foram registradas ainda mortes em São Gonçalo (cinco), São João do Meriti (quatro), Nova Iguaçu e Duque de Caxias (três cada um), Magé e Mesquita (duas). Cabo Frio, Maricá, São José do Vale do Rio Preto, Bom Jesus de Itabapoana, Itaocara, Itaperuna e Rio das Ostras tiveram as outras ocorrências.
O FLUMINENSE