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Maricá: Tapeceiras do bairro rural do Espraiado mantém viva a arte do Ponto Brasileiro

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Destaque nas edições do projeto “Espraiado de Portas Abertas” (evento bimensal de turismo rural no bairro do Espraiado) o ateliê da Tia Ilma, como é cariosamente chamada, é o berço de criação, produção e comercialização das “Tapeçarias do Espraiado”. O local fica a poucos quilômetros do Centro de Maricá (RJ) e é lá que as tapeceiras se dedicam para manter viva a arte de uma técnica tão única que recebeu o nome de “Ponto Brasileiro”.

Criado na década de cinquenta pela marroquina, naturalizada brasileira, Madeleine Colaço, o “Ponto Brasileiro”, também conhecido internacionalmente como “Samba” ou “The Brazilian Point”, ocupa posição de destaque na história da tapeçaria no Brasil e sua criadora é considerada um dos maiores nomes da tapeçaria nacional. Isso porque, da técnica de bordados aos motivos e padrões ornamentais, as tapeçarias de Colaço integram aspectos típicos da natureza e da cultura brasileira, e principalmente da região do Espraiado em Maricá (RJ), lugar onde, a artista possuía casa e pôde passar para a comunidade local a complexidade da trama e todo o seu conhecimento sobre o bordado.

Ilma Macedo, de 66 anos, a “Tia Ilma”, aprendeu a técnica aos 9 anos de idade com própria Madeleine Colaço, e lidera desde 2003 uma equipe de tapeceiras que resistem a todas as dificuldades para manter a arte da tapeçaria do Espraiado viva. “Eu chegava da escola e corria para aprender a arte da tapeçaria com Madeleine Colaço. Hoje o meu objetivo é cultivar essa cultura. Não podemos deixar isso acabar”, relatou.

A equipe do ateliê é composta por mais quatro artesãos que se dedicam diariamente na produção das tapeçarias. Dependendo do tamanho uma única peça pode levar até 5 meses para ficar pronta, isso com todos trabalhando juntos, pois todo o processo é 100% manual. Segundo Ilma, já foram produzidas peças de até 2,40 metros quadrados, entretanto são as menores que possuem melhor possibilidade de comercialização. Os clientes são os mais variados, além dos moradores da região há também pessoas de fora da cidade e até do estado, que visitam o Espraiado interessadas em conhecer e adquirir os tapetes decorativos.

Além dessa equipe Ilma também ministra um curso de tapeçaria em parceria com a Secretaria Municipal Adjunta do Idoso, onde ensina para quem tiver interesse as mesmas técnicas que aprendeu quando criança. “Os alunos que se destacam e já estão fazendo direitinho eu pretendo levar para trabalhar comigo no meu ateliê”, afirma.

O “Espraiado de Portas Abertas”, projeto de valorização e preservação da cultura rural, é realizado a cada dois meses pela Secretaria Municipal Adjunta de Turismo. A iniciativa inclui culinária da região, como o feijão-guando, shows gratuitos, passeios ecológicos e visitação à Igreja de São João e capelas de Santo Antônio e São Jorge.

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