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Recenseador do IBGE é vítima de injúria racial em Maricá

“Vai embora, seu macaco! Eu não quero falar com o IBGE, não”. Assim o recenseador do IBGE Fabiano dos Santos Gomes Bastos, de 31 anos, foi recebido por um morador do Centro se Maricá, na noite desta quarta-feira (17). O crime de injúria racial foi registrado, mas o medo da vítima é que o caso não dê em nada.

Tudo começou por volta das 19h30, quando Fabiano retornou a casa onde já havia passado algumas vezes.

“Eu já tinha ido lá algumas vezes e não tinha sido atendido. Depois de algumas tentativas, uma funcionária dele mandou eu voltar após as 19h, pois seria a hora que os proprietários chegariam. Eu fui e tudo isso aconteceu”, contou a vítima, que está no trabalho há somente duas semanas, depois de passar no último concurso.


“Ele me atendeu da janela e pareceu desconfiado. Disse que a gente não trabalhava a noite, quando eu disse que trabalhávamos sim, ele duvidou. Mostrei, de longe, o uniforme, boné, aparelho que usamos. E quando ele viu tudo gritou me chamando de macaco”, disse Fabiano, que contou ter ficado sem reação.

“Na hora eu não sabia o que fazer. Fiquei desnorteado. Nunca tinha passado por isso. As pessoas de Maricá têm sido bem acolhedoras, receptivas. Eu não sabia o que fazer e cheguei a pensar em ir embora, mas, na hora, tive a certeza que não poderia deixar para lá”, contou.

Fabiano acionou a supervisora, que junto com a coordenadora foi ao local onde o fato ocorreu. Eles chamaram a polícia e quando a PM chegou o autor foi chamado no portão novamente. Ele negou o fato e alegou não ter dito nada ofensivo contra o trabalhador.


“Ficou minha palavra contra a dele. E uma coisa me aborreceu muito, pois chegaram a falar que não ia dar em nada, pois eu não tinha testemunhas. Mas nós do IBGE trabalhamos sozinhos. Nunca vamos ter testemunhas”, explicou.

Fabiano acrescentou que “Se uma pessoa for à delegacia, me descrever e disser que eu sou o ladrão, a polícia me pega como acusado e me leva pra delegacia dizendo que sou ladrão. Um negro apontado como bandido vira bandido. Mas um negro que é vítima, precisa de testemunha, precisa se explicar”, desabafou.

O caso foi registrado na delegacia de Maricá (82° DP) como crime de injúria racial.

Cidadão pode pagar multa se não responder ao IBGE

A Lei nº 5.534, de 14 de novembro de 1968 prevê que é obrigatória a participação no Censo . “Toda pessoa natural ou jurídica de direito público ou de direito privado que esteja sob a jurisdição da lei brasileira é obrigada a prestar as informações solicitadas pelo IBGE”, diz.

Quem se recusar a prestar as informações solicitadas ou mentir nas respostas está sujeito a pagar multa de até dez vezes o valor do salário-mínimo, se for infrator primário; se reincidente, pode ser cobrado até o dobro desse valor. 

Matéria: Renata Sena / Jornal O São Gonçalo

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