O que traz novos moradores à Maricá? Cidade governada pelo PT há mais de 14 anos viu sua população crescer mais de 50%

Antes mesmo de ser divulgado o resultado oficial do Censo 2022 do IBGE, já era esperado que Maricá, cidade da região metropolitana do Rio de Janeiro, fosse disparar em termos de população, saltando de 127 mil para 197 mil habitantes.

Esse crescimento acelerado se deu, principalmente, devido no período da pandemia, onde muitas empresas passaram a utilizar o trabalho remoto, além de Maricá ter criado programas que acolheram o trabalhador informal, autônomo e liberal com o PAT (Programa de Amparo ao Trabalhador), onde cerca de 20 mil moradores receberam um benefício por quase dois anos variando de R$600,00 a R$1.045,00 pago na moeda social da cidade, a Mumbuca.

Em 2021, outro fato relevante a ser considerado foi a expansão do transporte municipal tarifa zero. Com o fim da renovação da concessionária que era responsável pelas linhas municipais, a Viação Nossa Senhora do Amparo, a Empresa Pública de Transportes (EPT) assumiu as linhas em tarifa zero, terceirizando os serviços e deixando de cobrar as ‘passagens’ que custavam R$3,70 cada deslocamento.

Com transporte gratuito e acolhimento ao trabalhador, Maricá se tornou uma cidade propícia ao aumento da qualidade de vida. A Moeda Mumbuca foi outro item na realidade da cidade que fez a cidade crescer em termos comerciais. Devido ao Renda Básica da Cidadania, programa que distribui a mais de 40 mil moradores o valor mensal de R$200,00, além do próprio auxílio alimentação aos servidores públicos que são pagos nesta moeda social, que é aceita somente na cidade, os comércios viram a oportunidade de aumentar seu faturamento. Grandes lojas varejistas e franquias foram abertas nos últimos anos em Maricá, movimento contínuo enquanto a cidade seguir crescendo.

Mas, como Maricá faz pra ter isso tudo? Transporte gratuito, renda básica, programas sociais como o ‘Passaporte Universitário’, entre tantos outros programas?
Com uma receita bilionária proveniente dos royalties da exploração do petróleo em alto mar, Maricá se tornou a cidade mais rica em termos de PIB per capita, ou seja, valor que a cidade gera em riqueza em relação à cada morador. Para se ter uma ideia, o orçamento previsto para 2023 em Maricá é maior do que o da cidade de Niterói.

Além dos royalties, que são utilizados em todas as áreas: obras, educação, transferência de renda, eventos, passaporte universitário, entre outros gastos da prefeitura, Maricá passou a receber grandes montantes de recursos do ICMS. Em 2021, por exemplo, Maricá havia saltado de 50º posição em 92 municípios do Rio para a 3ª posição, ficando apenas atrás da capital fluminense e de Duque de Caxias.

A “mágica” foi transformar royalties de petróleo em impostos provenientes de outras fontes, fazendo o dinheiro circular na cidade. Outro ponto fundamental para garantir os investimentos na cidade foi a criação do Fundo Soberano de Maricá, que hoje, em julho de 2023, já ultrapassa o valor de R$1,5 bilhão acumulados, valor que nos próximos anos deve atingir R$2 bilhões e garantir que os investimentos na cidade sejam continuados caso ocorre uma queda na arrecadação dos royalties.

E os problemas?

Com o crescimento demográfico, Maricá registra um aumento de problemas que já existiam e o surgimento de novos. Invasões de áreas públicas e privadas, despejamento irregular de esgoto por falta de rede de coleta, pouca cobertura de água encanada, baixos índices educacionais mesmo com altos investimentos, baixa cobertura de atendimento na área da saúde, com poucas unidades de atendimento emergencial, entre tantos outros que exigem que as autoridades trabalhem arduamente para resolvê-los.

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