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Escolas municipais de Maricá reabrem para mais de 30 mil alunos com foco em escuta e afeto

O segundo semestre letivo teve início oficialmente em Maricá nesta segunda-feira (28/07), marcado pela divulgação de uma carta assinada pelo secretário municipal de Educação, Rodrigo Moura. O documento, direcionado à comunidade escolar, destaca a importância do acolhimento emocional no ambiente educacional e reforça o compromisso da gestão com uma escola mais humana e atenta às necessidades dos estudantes.

“Voltar às aulas vai muito além de abrir os portões da escola”, diz o secretário no texto. Segundo ele, esse momento representa a oportunidade de reabrir espaços de escuta, segurança e presença verdadeira, reconhecendo que os alunos retornam às salas de aula não apenas com mochilas, mas também com vivências emocionais acumuladas.

Moura convoca gestores, professores e equipes escolares a compreenderem o papel do acolhimento, definindo-o como uma prática que envolve empatia, escuta ativa e valorização das histórias que cada estudante traz consigo. “Acolher significa abrir espaço para o sofrimento e a alegria, para as dúvidas e as descobertas, com empatia e atenção”, afirma na carta.

No entanto, apesar do discurso institucional em defesa de uma escola acolhedora e afetiva, a realidade em muitas unidades escolares da rede municipal é marcada por desafios estruturais e de pessoal. Um dos principais problemas apontados por profissionais da educação e por representantes da comunidade escolar é a falta de profissionais qualificados para funções essenciais.

Um exemplo recorrente é a atuação de mediadores escolares, profissionais que deveriam prestar apoio pedagógico a estudantes com deficiência e outras demandas específicas. Na prática, boa parte desses mediadores é contratada temporariamente, frequentemente sem formação na área educacional ou qualquer vivência com práticas inclusivas. Muitas dessas contratações ocorrem por indicação política, o que levanta questionamentos sobre a qualidade e efetividade do atendimento oferecido.

A mesma situação se repete em relação ao cargo de inspetor escolar, cuja natureza exige concurso público e preparo técnico para lidar com a disciplina e segurança dos estudantes. Entretanto, há relatos de que a função tem sido preenchida também por indicações políticas, sem formação específica, o que dificulta o cumprimento adequado das atribuições. Em diversas escolas, inspetores relatam insegurança para exercer o papel com autoridade, comprometendo o ambiente escolar.

A carta do secretário é parte de uma política pedagógica que vem sendo reforçada pela pasta nos últimos anos, com ênfase na expansão da rede e na promoção de uma jornada educativa mais inclusiva. Ainda assim, especialistas e membros da comunidade educativa defendem que o acolhimento só será pleno se acompanhado de políticas de valorização profissional, formação continuada e concursos públicos para funções-chave no cotidiano das escolas.

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