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FLIM terá espaço para autores maricaenses, com obras que vão de livros técnicos a histórias locais e autobiografias

A 10ª edição da Festa Literária de Maricá (FLIM) vai abrir espaço para mais de 100 autores que vivem na cidade, levando desde pesquisas técnicas e livros sobre investimentos até contos, memórias e histórias sobre o próprio município. O evento, que acontece de 5 a 14 de setembro na Orla do Parque Nanci, promete ser o maior já realizado, com dez dias de debates, sessões de autógrafos, oficinas e shows.

“É preciso sempre garantir essa valorização dos nossos próprios escritores. São eles que estão na cidade no dia a dia, se inspirando nela e nos inspirando. Podemos ver o resultado com a participação inclusive de jovens maricaenses que estão produzindo e lançando seus livros na festa”, afirmou Sônia Freire, subsecretária de Assuntos Institucionais da Secretaria de Educação.

A programação será intensa: das 8h às 20h, haverá atividades literárias, e, nas noites de sexta a domingo, o espaço se transforma em palco para apresentações musicais até as 23h.

Jovens escritores

Entre os destaques estão estudantes da rede municipal que não vão apenas assistir, mas também vender e autografar seus próprios livros. É o caso de Brunno Pimenta, de 13 anos, que começou a escrever junto com os amigos após pesquisar sobre e-books.

“Tudo começou quando eu e meus amigos fomos pesquisar sobre e-book, como era feito. Aí decidimos escrever alguma coisa. Gostamos muito de marketing, de investimento, e fomos pesquisar para escrever e lançamos um livro sobre cada tema. Na FLIM do ano passado conseguimos vender 100 livros em dois dias!”, contou Brunno, que hoje tem uma editora virtual, a Rubber Livros, para também oferecer versões impressas.

Marcello Eduardo de Souza, parceiro de Brunno no livro sobre investimentos, lança agora um trabalho solo voltado à realidade brasileira.

“No primeiro nós explicamos investimentos que usam ferramentas de fora. Agora eu explico como fazer tudo aqui no Brasil, na nossa realidade. Eu gosto muito do assunto e quero mudar a mentalidade dos jovens como eu, explicar planejamento financeiro, tudo isso que é importante mas que fica sempre para depois”, disse Marcello.

Escrita na rede pública

Os dois, junto com João Victor Reymão, estudam na Escola Municipal Clério Boechat de Oliveira, no Flamengo. Mas o gosto pela escrita se espalha por outras unidades. Em Cordeirinho, na Escola Municipal Lúcio Thomé Guerra Feteira, uma oficina de escrita no contraturno resultou no conto O segredo do pássaro mágico, escrito por sete alunos do 7º ano.

“Foi um trabalho que reuniu sete alunos do 7º ano. Eles se reuniam semanalmente e cada um construiu um personagem da história. O livro é um conto chamado ‘O segredo do pássaro mágico’ e transformou a vida dos estudantes. Vamos levá-los para autografar na FLIM”, contou a diretora Lorena Mendonça.

Danielle Andrea, mãe de um dos autores e orientadora pedagógica da escola, diz que a experiência mudou o comportamento do filho.

“Ele não gostava de ler, apesar de eu incentivar muito em casa. Mas com o trabalho, com o envolvimento, isso mudou nele. Hoje se interessa mais pela escola, pelas atividades extras, oficinas. A literatura tem esse poder”, disse Danielle, que levará o filho Bernardo Vinícius para a festa.

Memória e identidade

A FLIM também será palco para autores que resgatam histórias de Maricá. A professora aposentada Laura Costa, que já participou de quatro edições, lança Histórias de Maricá.

“Nesta vou levar o meu lançamento, que é o ‘Histórias de Maricá’. Neste momento que a cidade recebe tantas pessoas, com tantas histórias, é bom registrar a nossa própria, para que todos conheçam, seja quem nasceu aqui ou quem está adotando Maricá. Falo dos causos do município, que são contados nas conversas, como a primeira batida de carro, a chegada da luz, do telefone. Isso tudo eu remonto a 1930 na pesquisa”, revelou Laura, que já foi professora de figuras conhecidas como o prefeito Washington Quaquá e a vereadora Adriana Costa.

Outra autora, Zezé Pedrosa, usa a literatura para lidar com traumas. Em Vida em chamas (2016), ela contou sua experiência como sobrevivente do incêndio no Gran Circus Norte-Americano, em Niterói, em 1961.

“Eu era uma menina de 11 anos. Era perto do meu aniversário, e completei 12 anos ainda no leito de um hospital, em coma. Escrever sobre isso foi uma libertação, mas lá em 2016 eu não estava pronta para contar tudo o que vivi. Na FLIM vou lançar a continuação, o ‘Vidas em chamas II’. Escrever também é esse exercício de se reescrever”, disse Zezé.

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