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Revolução Digital: da página no Facebook à queda de Mubarak

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Do ESTADÃO:

“O Egito merece um futuro melhor. No dia 25 de Janeiro nós mudaremos nosso país. Ninguém irá no deter, se nós estivermos unidos. A população jovem deve se manifestar agora”, dizia a mensagem na página criada no Facebook à qual, em questão de horas, 100 mil pessoas juntaram-se. Na mesma página, foram colocados links para informações sobre onde e quando os manifestantes se encontrariam, em todo o país. Jovens disponibilizavam números de telefones e se apresentaram como voluntários para organizar os protestos em suas cidades.
Dois dias depois, movimentos jovens como o 6 de Abril e o HASHD juntaram-se ao grupo. Online, eles davam dicas de como organizar os protestos e evitar confrontos com as forças de segurança.
“Use márcaras contra gás lacrimogênio. Não insulte, fale ou nprovoque os soldados ou a polícia. Isso não é pessoal! Eles recebem ordens para nos deter, mas nós somos todos Egípcios e um dia as forças de segurança saberão que estamos certos”.
Somos todos Khaled Said, a página no Facebook dedicada aos jovem de Alexandria espancado até a morte por policiais no fim do ano passado, foi essencial para atrair manifestantes.
Uma “sala de debates” online foi criada no Facebook para publicar atualizações minuto a mintuto em todo por membros por todo o Egito. Eles também publicaram uma lista de advogados que se voluntariavam para atender manifestantes que fossem presos.
Tudo online e de forma silenciosa.
O movimento jovem 6 April, criado em 2008 para apoiar a greve de trabalhadores do setor têxtil na cidade industrial de Mahala Al-Kobra, tomou a liderança online, oferecendo ajuda técnica online, coordenando e abrindo canais de comunicação online entre os manifestantes através das mídias sociais como Twitter, Facebook e UStream.
Em Alexandria, Mansoura e Suez, protestos foram organizados por ativistas ligados à Campanha El-Baradei Campaign, o Partido Ghad, o Frente Democrática e o grupo HASHD. Em Sharqiya e Ismailia, eles foram organizados pela Associação Nacional por Mudanças, o 6 de Abril, e, mais tarde, jovens simpatizantes da Irmandade Muçulmana juntaram-se ao grupo.
Em paralelo, jovens como Asmaa Mahfouz, 25, chamavam para os protestos nas suas próprias páginas. No dia 18 de janeiro, ela escreveu que não ficaria em silêncio em face dos abusos das forças de segurança e das políticas do governo que empobrecem a maioria dos Egípcios.
“Eu vou para a Praça Tahrir no dia 25 de janeiro. Eu vou demandar os direitos das pessoas torturadas até a morte pelas forças de segurança”, escreveu Mahfouz em sua página. Ela foi inspirada pela morte de Sayed Belal, morto durante interrogatórios após o atentado à bomba em uma igreja em Alexandria, na noite de Ano Novo, que matou 23 pessoas. Muitos amigos de Mahfouz se juntaram a ela e ao Movimento 6 de Abril, ao qual se juntaram também o Jovens por Justiça e Liberdade, o HASHD, a Frente Popular por Liberdade, a Campanha ElBaradeina organização dos protestos.
Em comum, eles tinham a demanda por democracia e a reforma da Constitução.
No dia 24 de janeiro, um dia antes das manifestações, a página inicial já tinha 300 mil integrantes. Cerca de 7 milhões de pessoas têm acesso à Internet no Egito. Aos demais, a notícia se espalhou no boca-a-boca.
“Não imaginávamos que centenas de milhares de pessoas apareceriam no dia 25 de janeiro. Nós esperávamos 20 mil pessoas”, disse Mohamed Awad, do Jovens por Justiça e Liberdade. “Nosso papel foi organizar os protestos e criar uma rede de movimentos e ativistas por todo o país para espalhar os protestos. O crédito (da Revolução) é dos jovens egípcios que fizeram a mudança acontecer”, disse o coordenador do Movimento 6 April, Ahmed Maher.
Dezoite dias após a criação da página, o presidente Hosni Mubarak renuniaria após 30 anos no poder.
Fonte: AlAhram/ via Estadão

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