Coordenador de creche em Maricá faz greve de fome
Chamo a todos e todas de boa vontade a se solidarizar com a nossa causa da educação infantil. Como somos uma entidade escolar filantrópica, não temos nenhuma entrada obrigatória a não ser da Secretaria de Educação de Maricá. Atendemos atualmente 75 crianças carentes em tempo integral. Praticamente todos os dias chega uma mãe ou um pai com seu filho ou sua filha pedindo vaga na creche. Embora que não façamos nenhuma propaganda temos hoje uma lista de espera quase inacreditável. É uma injustiça que grita ao céu o que os responsáveis dessa cidade fazem com as nossas crianças. Estamos cumprindo todas as cláusulas do convênio, até uma placa na frente da Creche já colocamos se referindo ao convênio com o logotipo da Prefeitura de Maricá. No entanto, da outra parte só recebemos omissão, consolações baratas e desculpas que não justificam o não-cumprimento do convênio.
Por isso, depois de ter rezado e pensado bastante, decidi como coordenador geral da entidade de dedicar este jejum a causa destas crianças e pressionar o governo municipal além das vias legais com a solidariedade da população, dos jornais, das Igrejas e da sociedade civil.
Um jejum parecido já aconteceu aqui no Brasil com Dom Luis Flávio Cappio, bispo de Barra na Bahia, contra a transposição do rio São Francisco. Infelizmente essa luta não alcançou o seu objetivo.
Eu aprendi a jejuar com o jesuíta suiço, Niklaus Brantschen. Ele publicou o seu ensaio no livro:
Fasten im Alltag: Anleitung und Ermutigung zum Fasten in der Gruppe; Paulus Freiburg, 1994, ISBN 3-7228-0180-X
Também sou devoto ao padroeiro da Suiça, o Santo Bruder Klaus, que como pai de família passou boa parte de sua vida jejuando. Na Suiça, o jejum é muito popular, diferente do Brasil. Em muitas paróquias há grupos de jejum na quaresma e ninguém lá pensa que alguém está querendo se suicidar ou pensamentos semelhantes, pois o jejum praticado por lá e por me aqui não está na linha do sacrifício, mas na linha de aumentar a qualidade de vida. Na verdade, essa é a linha de Jesus que falou: Quando jejuardes, não façam uma cara triste. Essa é a minha referência bíblica. E também o jejum de Jesus no deserto de 40 dias antes de enfrentar o diabo com suas 3 seduções famosas: poder, dinheiro e prestígio.
Por isso, o primeiro motivo pelo qual faço jejum normalmente é de desintoxicar o corpo. Além do corpo, o jejum faz bem para a mente e principalmente para a alma. Tudo fica mais leve. O segredo está em beber 5 litros por dia e não só 2-3 como o fez Dom Cappio (infelizmente).
Nessa intenção de promover mais a Creche e as crianças e estabilizar mais a contabilidade da Creche pretendo só terminar o meu jejum quando temos recebido as verbas públicas que a legislação brasileira prevê para a nossa entidade. Não estou acusando o Prefeito ou o Secretário de Educação de corrupto, mas estou reclamando pelo atraso absurdo de pagamentos previstos no convênio.
Cientes disso, peço a sua solidariedade, as suas orações e as suas bênçãos para mim e para as nossas crianças da Creche Comunitária São Bento.
Com saudações fraternas
diácono Wolfgang Muller