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Coordenador de creche em Maricá faz greve de fome

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Do Jornal Enter – A Câmara de Vereadores de Maricá aprovou uma verba de 160 milhões de reais para o prefeito Washington Quaquá no dia 18 de julho. Dessa verba, Quaquá já comprometeu em licitações 45 milhões para pagar, por exemplo, seis milhões para publicidade e meio milhão de reais para comprar oito mil galões de água por mês para a prefeitura.
Na outra ponta está o diácono Wolfgan Muller, coordenador da Creche Comunitária São Bento, em Itaipuaçu, está desde o dia 4 de outubro em “jejum” de alimentos sólidos para sensibilizar o prefeito de Maricá a pagar uma dívida de 126 mil reais com a creche e com isso manter o atendimento para 75 crianças, com idade entre 2 e 6 anos, da comunidade, que  a freqüentam diariamente em tempo integral.
Wolfgan (foto) contou ao JORNAL ENTER que tem um convênio assinado com o prefeito e o secretário de Educação Marcos Ribeiro desde o dia 13 de maio de 2010. Desde então a creche não conseguiu receber nenhum centavo dos 126 mil acordados nessa parceria. Segundo o diácono, a creche tem ainda direito, e também não recebe de Quaquá, 2% da verba do Fundeb, verba federal repassada ao município destinada a instituições culturais, esportivas e educacionais conveniadas. Quaquá se justifica com a administração da creche, segundo Wolfgan, afirmando que paga 5 mil reais, através da empresa Hope Consultoria, para cobrir os salários de três funcionárias de apoio, cujo salário numa escola particular é de cerca de 600 reais.
As creches municipais inauguradas pelo prefeito vão bem. Mas a de São Bento, localizada no loteamento Morada das Águias, e inaugurada pelo povo passa por necessidades só amenizadas pelas doações que pingam no caixa. Se Quaquá pagasse o prometido em documento assinado por ele, aquela creche conseguiria atender mais 25 crianças, cujos pais carentes todos os dias vão até lá para saber das vagas.
Carta do diácono:
No dia de São Francisco de Assis, dia 4 de outubro, comecei mais um jejum que eu chamo de “jejum bíblico”. Tendo uma longa experiência com o jejum desde 1996 inclusive dirigindo grupos de jejum na paróquia suiça onde trabalhava, acrescento desta vez um motivo político que está relacionado com a contabilidade da Creche Comunitária São Bento. Tendo um convênio com a Prefeitura de Maricá desde 13 de maio de 2010, assinado pelo Prefeito e pelo Secretário de Educação, e até hoje não recebendo nenhuma verba pública, uso este recurso do jejum para reforçar os muitos pedidos de repassagem deste dinheiro que gira em torno de 126.000 Reais por ano, além da possibilidade de repassar dinheiro de um fundo de 2% da arrecadação municipal destinado a entidades culturais, esportivas e educativos conveniadas.
Chamo a todos e todas de boa vontade a se solidarizar com a nossa causa da educação infantil. Como somos uma entidade escolar filantrópica, não temos nenhuma entrada obrigatória a não ser da Secretaria de Educação de Maricá. Atendemos atualmente 75 crianças carentes em tempo integral. Praticamente todos os dias chega uma mãe ou um pai com seu filho ou sua filha pedindo vaga na creche. Embora que não façamos nenhuma propaganda temos hoje uma lista de espera quase inacreditável. É uma injustiça que grita ao céu o que os responsáveis dessa cidade fazem com as nossas crianças. Estamos cumprindo todas as cláusulas do convênio, até uma placa na frente da Creche já colocamos se referindo ao convênio com o logotipo da Prefeitura de Maricá. No entanto, da outra parte só recebemos omissão, consolações baratas e desculpas que não justificam o não-cumprimento do convênio.

Por isso, depois de ter rezado e pensado bastante, decidi como coordenador geral da entidade de dedicar este jejum a causa destas crianças e pressionar o governo municipal além das vias legais com a solidariedade da população, dos jornais, das Igrejas e da sociedade civil.
Um jejum parecido já aconteceu aqui no Brasil com Dom Luis Flávio Cappio, bispo de Barra na Bahia, contra a transposição do rio São Francisco. Infelizmente essa luta não alcançou o seu objetivo.

Eu aprendi a jejuar com o jesuíta suiço, Niklaus Brantschen. Ele publicou o seu ensaio no livro:
Fasten im Alltag: Anleitung und Ermutigung zum Fasten in der Gruppe; Paulus Freiburg, 1994, ISBN 3-7228-0180-X

Também sou devoto ao padroeiro da Suiça, o Santo Bruder Klaus, que como pai de família passou boa parte de sua vida jejuando. Na Suiça, o jejum é muito popular, diferente do Brasil. Em muitas paróquias há grupos de jejum na quaresma e ninguém lá pensa que alguém está querendo se suicidar ou pensamentos semelhantes, pois o jejum praticado por lá e por me aqui não está na linha do sacrifício, mas na linha de aumentar a qualidade de vida. Na verdade, essa é a linha de Jesus que falou: Quando jejuardes, não façam uma cara triste. Essa é a minha referência bíblica. E também o jejum de Jesus no deserto de 40 dias antes de enfrentar o diabo com suas 3 seduções famosas: poder, dinheiro e prestígio.

Por isso, o primeiro motivo pelo qual faço jejum normalmente é de desintoxicar o corpo. Além do corpo, o jejum faz bem para a mente e principalmente para a alma. Tudo fica mais leve. O segredo está em beber 5 litros por dia e não só 2-3 como o fez Dom Cappio (infelizmente).

Nessa intenção de promover mais a Creche e as crianças e estabilizar mais a contabilidade da Creche pretendo só terminar o meu jejum quando temos recebido as verbas públicas que a legislação brasileira prevê para a nossa entidade. Não estou acusando o Prefeito ou o Secretário de Educação de corrupto, mas estou reclamando pelo atraso absurdo de pagamentos previstos no convênio.

Cientes disso, peço a sua solidariedade, as suas orações e as suas bênçãos para mim e para as nossas crianças da Creche Comunitária São Bento.

Com saudações fraternas

diácono Wolfgang Muller

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