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Projeto em Maricá revelou promessas olímpicas

Enquanto ocorre o evento-teste no Sambódromo do Rio, é importante lembrar que, de todas as iniciativas públicas para a formação de atletas olímpicos para os Jogos Rio 2016, uma das mais bem sucedidas do país é a que uniu a Prefeitura de Maricá e a Confederação Brasileira de Tiro com Arco. No momento em que a revelação Marcos Vinicius D´Almeida, de 17 anos, desponta no topo do ranking mundial e outras crias do projeto se projetam internacionalmente, a iniciativa se consolida como exemplo de planejamento, aplicação responsável dos recursos e inclusão pelo esporte.

A parceria entre o município e o Ministério do Esporte, iniciada em 2009, contemplou desde a cessão de uma área municipal de 27 mil metros quadrados, próxima ao Centro, para a implantação do Centro de Treinamento da confederação (que foi utilizado para os treinos pelas delegações da Rússia e da Coreia do Sul esta semana) até a aquisição, por parte também da Prefeitura, dos equipamentos necessários à prática do esporte. Alvos, arcos, flechas, miras, protetores e dedeiras foram importados através do convênio feito pelo ministério com prefeituras de sete estados (RJ, MG, ES, SC, GO e AM), de forma a permitir que os alunos, mesmo iniciantes, pudessem praticar com material de mesmo nível dos utilizados pelos outros competidores.

O valor total, de R$ 2,6 milhões, previa, além disso e da construção dos CTs, a implantação de núcleos de base do esporte e a contratação de equipes técnicas e de pessoal administrativo, o que foi feito. A Prefeitura de Maricá foi a primeira a implantar tais núcleos, com quatro escolas da rede municipal sendo associadas ao projeto. Uma delas, o CEM Joana Benedicta Rangel, no Centro, gerou a maior parte dessas promessas olímpicas, inclusive o campeão Marcos Vinicius, um dos selecionados na peneira promovida para o início das atividades. Ele e seus colegas eram transportados em veículos da Prefeitura diretamente da escola para o CT no bairro de Itapeba.

O projeto continua dentro do planejamento e prevê, por exemplo, o envio de 17 atletas maricaenses de diversas categorias para a Copa Brasil de Tiro com Arco em Goiânia, no mês que vem. Todos irão com despesas pagas e terão hospedagem custeada pelo município, através da Secretaria Municipal Adjunta de Esportes que gerencia o convênio. Além disso a secretaria remunera também 12 professores de Educação Física selecionados como instrutores para atuar, além da escola citada, nas unidades EM Darcy Ribeiro, EM Amanda Peña e CAIC Elomir Silva.

Marcelo Costa Filho, 15 anos, é outra promessa revelada no projeto municipal. Treinando há apenas três anos, já faz parte da Seleção Brasileira, participou da equipe de nove atletas enviada à Copa do Mundo, realizada em Medellín, Colômbia. Ficou em segundo lugar por equipe, e em 55º no geral individual, nas categorias Cadete e Adulto. Ele conheceu o esporte através do projeto e foi um dos primeiros da turma do 7º ano do CEM Joana Benedicta Rangel, a levantar a mão quando um professor de Educação Física perguntou quem na turma tinha interesse em conhecer o esporte. Iniciou na categoria de base, e se projetou na categoria Cadete, especializando-se nas competições indoor (alvos a 18 metros de distância), e depois, nas provas outdoor (30, 60 e 70 metros). Com os prêmios, ingressou no programa de apoio federal aos atletas.

Hoje, recebe uma bolsa-atleta de R$ 11 mil, o que ajuda a manter seu equipamento de competição atualizado. “Um kit completo hoje, top de linha, custa uns R$ 20 mil”, afirma. O pai, Marcelo Silva Costa, o acompanha nos treinos e nas competições mais próximas e logo terá de se desdobrar, o que reforça o caráter permanente do projeto olímpico municipal. O irmão mais novo, Guilherme, de 9 anos, está dando os primeiros passos no esporte.

projeto marica arcoSegundo a atual diretora do CEM Joana Benedicta Rangel, Luzia Dalva Ribeiro, o programa continua funcionando a pleno vapor. “Temos dois alunos do curso Técnico em Edificações treinando atualmente”, conta, satisfeita com os rumos do investimento feito pelo município na formação dessas pessoas. “É uma satisfação enorme ver um aluno ou ex-aluno se consagrando”, declarou. Um deles é Stephany da Rosa, 17 anos. Treinando oito horas por dia, a Técnica em Edificações já tem em sua conta sete títulos na categoria Infantil (2012), e quatorze títulos na categoria Cadete (2013/2014). Começou a praticar aos 14, quando cursava o 2º ciclo do Fundamental da escola. Situação parecida é a dos irmãos Gabriel e Maria Eduarda Gomes da Costa, 18 e 16 anos. Em 3º no ranking da categoria Cadete (provas indoor e outdoor), ambos também foram alunos do CEM Joana Benedicta Rangel. Diretora da escola à época, Adriana Mataruna é uma fã do projeto. “Vejo o Tiro com Arco como um esporte inclusivo, socializante. Tivemos até um aluno cadeirante praticante do esporte”, completou.

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