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Maricá: Pais de Luiz, com microcefalia, lutam contra o preconceito

Sem recursos, família de Maricá depende de doações. Estado do Rio já tem 208 casos. Associação Pestalozzi de Niterói se ofereceu para tratar do pequeno Luiz

Do O Dia – Faltavam 15 minutos para às 21h, de 28 de dezembro de 2015, quando Pollyana Rabello, de 27 anos, deu à luz um menino, na maternidade do Hospital Estadual Azevedo Lima, em Niterói. Na sala de parto, a enfermeira levou o neném aos braços dela e deu a má notícia: “Mãezinha, seu filho nasceu com microcefalia”.

“Não fiquei com raiva do mundo e nem briguei com Deus”, lembra Pollyana, moradora de Maricá, na Região Metropolitana. “Fiquei foi muito assustada. Não sabia o que ia acontecer, tinha muito medo do meu bebê morrer”, diz.

Pais de Luiz, com microcefalia, lutam contra o preconceito. (foto: Daniel Castelo Branco / Agência O Dia)
Pais de Luiz, com microcefalia, lutam contra o preconceito. (foto: Daniel Castelo Branco / Agência O Dia)

Passados dois meses, o medo da mãe de Luiz Philipe agora é outro: “É o jeito que as pessoas vão tratar ele. O preconceito é muito grande. Isso me apavora. Teve uma menina que postou no Facebook que crianças com microcefalia são parentes de ET”, desabafa a mãe, angustiada.

A preocupação de Pollyana é a mesma de milhares de mães. O Ministério da Saúde divulgou ontem novos dados sobre a microcefalia no país. Dos 3.670 casos suspeitos (208 no Estado do Rio), 404 foram confirmados. A relação da síndrome com o vírus Zika aparece em 17 deles. Pollyana, cujos dois primeiros filhos nasceram saudáveis, desconfia do mosquito. “No oitavo mês da gravidez, tive uma virose, não sei se foi Zika, os exames não ficaram prontos”, diz.

A exemplo de outras mães pobres e mal orientadas, não fez o pré-natal. “Fiz uma ultrassonografia no sétimo mês e não acusou nada”. A Organização Mundial da Saúde (OMS)considera 32 centímetros como medida padrão mínima para a cabeça de recém-nascidos. Luiz Philipe nasceu com 26cm. “Na consulta mediram e ele agora está com 28cm. Tenho esperança de que com tempo ele vai se desenvolver mais”, acredita.

Luiz Philipe está sendo acompanhado pelo Instituto Fernandes Figueira (IFF), da Fiocruz. Enquanto não consegue uma clínica de fisioterapia, a mãe tenta estimular o bebê. “Fico esticando as perninhas e bracinhos, para não atrofiar pois ele fica muito encolhidinho; mostro coisas coloridas e observo se ele acompanha com os olhos; faço barulho perto do ouvido para ver se ele olha para o lado. Ele tem reagido bem a esses estímulos”, diz a mãe, que não vê muita diferença entre a criação de Luiz Philipe e dos outros filhos. “Só física. Fora isso, o choro é o mesmo, a fome é a mesma. Ele é bastante fominha. Tudo que uma criança faz, ele faz”, conta a mãe, que não perde a esperança de ver o filho correndo, pulando e brincando.

A família de Luiz Philipe é muito pobre. Vive em uma casa de quarto e cozinha. Eles não têm banheiro; quando precisam vão à casa de parentes. O pai de Luiz Philipe, Misael Júnior, 21, vive de biscates. Solidários, taxistas de Niterói estão recolhendo fraldas e latas de leite para o bebê, na esquina da Rua Tiradentes com Visconde de Moraes, no Ingá. Quem pode ajudar?

Associação Pestalozzi de Niterói se ofereceu para tratar do pequeno Luiz

A coordenadora técnica geral da Associação Pestalozzi de Niterói, Jussara Sílvia da Silva Freitas, disse que a instituição está pronta para receber o pequeno Luiz Philipe, que nasceu no fim de 2015 com microcefalia, conforme o DIA noticiou nesta quarta-feira.

O neném, que mora com os pais em Maricá, a 60 quilômetros da capital, precisa iniciar, o mais rápido possível, a terapia de estimulação precoce, para reduzir as sequelas causadas pela microcefalia. Enquanto ainda não recebe atendimento, a mãe do bebê, Pollyana Rabello, estimula o filho com alguns exercícios.

Luiz Philipe será tratado no Centro de Estimulação Precoce, destinados a bebês de 0 a 3 anos. A equipe é formada por fisioterapeutas que trabalham a parte motora e respiratória, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos, psicólogos, enfermeiros, assistentes sociais e médicos ortopedistas e psiquiatras.

Além da falta de recursos, Jussara critica a morosidade do poder público para encaminhar pacientes. “No posto de saúde, a demora é de dois a três meses só para marcar a consulta. O encaminhamento tem que ser precoce”.

O caso de Luiz Philipe comoveu o Rio. Muitas pessoas demonstraram intenção de ajudar o menino, que é de família muito pobre. “Temos recebido muitas fraldas e leite em pó. Acho que temos estoque para pelo menos um mês”, contou o taxista de Niterói, Fabiano Vieira, responsável por recolher os donativos e encaminhá-los à família do menino. Além de fraldas e leite, a família precisa de ajuda para levar Luiz Philipe às consultas no Instituto Fernandes Figueira, no Flamengo. Quem puder contribuir com donativos, poderá fazer a entrega no Posto BR, que fica na esquina da Rua Tiradentes com Visconde de Moraes, no Ingá, em Niterói. Se preferir auxiliar em dinheiro, o depósito de qualquer quantia deverá ser feito na conta poupança da tia de Pollyana, Alciméia Soares de Oliveira, CPF: 022.391.277-83, na Caixa Econômica Federal (agência 1244, conta 013013 45234-9).

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Um Comentário

  1. Deus é nosso pai e é fiel!!!!
    Se lhes deu esta missão é porque ele sabe que vocês são capazes de cumpri-la.
    Dê ao bebê muito amor, muito carinho!
    Preconceito é sinal de pessoas que não evoluíram, compreenda e siga em frente.

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