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Maricá: Índios Kuikuro visitam aldeia Guarani e fazem tour pelo Rio

Onze índios da etnia Kuikuro, assentados no Parque Nacional do Xingu (MT), foram recebidos no último dia 05/08, pelos membros da aldeia guarani Kaaguy Tekoa Ovy Porã (“Mata Verde Bonita, em tupi), em São José do Imbassaí. A visita funcionou como intercâmbio cultural entre povos indígenas e foi promovida pela Secretaria Nacional de Esportes, Lazer e Inclusão Social, em parceria com a Secretaria Municipal Adjunta de Cultura, Ciência e Tecnologia. Os representantes da etnia Kuikuro chegaram na sexta-feira à noite (05/07), e pernoitaram na aldeia. Pela manhã, encontraram-se em frente à Casa de Reza, para uma reunião de reconhecimento e agradecimento aos anfitriões. O primeiro a falar foi o cacique José Carlos Kuikuro, 69 anos, que agradeceu a acolhida dos “parentes” guaranis. “Somos de outra etnia, falamos outro dialeto (tronco linguístico Karibe), mas sofremos as mesmas perseguições, por causa de nossas terras e nossa cultura”, adiantou. O cacique anfitrião Darcy Tupã declarou que a aldeia guarani “estará sempre de portas abertas para abrigar os “parentes”. “Assim como fomos recebidos em Maricá, terra que nos adotou e que adotamos de coração”, acrescentou.

O gestor da Secretaria Nacional de Esportes, Ivan Mayer, explicou os motivos da visita. “Faz parte de um programa da secretaria, em parceria com a Secretaria Municipal de Cultura. A ideia é o intercâmbio cultural através da troca de saberes dos mais diversos grupos indígenas do país”, explicou. “Temos uma agenda de visitas que iniciou na aldeia, e que prosseguirá no Espaço Etnias, no Armazém 13, e na Casa Brasil (no Rio), onde os Kuikuro mostrarão sua cultura com música (flautas, maracás) e dança, além do seu artesanato, que é riquíssimo”, disse. No domingo (07/08), o grupo, do qual fizeram parte a subsecretária municipal de Cultura, Claudia Schulls, a pesquisadora Cordélia Mourão, e do mestre em Antropologia Social e intérprete do grupo, Mutuá Kuikuro, fez um tour pelo município, onde conheceu a Lagoa do Boqueirão e o Projeto Navegar, onde crianças da cidade recebem aulas de canoagem e vela.

Ainda no sábado, na aldeia guarani, os Kuikuro realizaram uma pequena mostra de seu rico artesanato. Colares em forma de flores, pulseiras, peitorais de miçangas retratando onças, bancos de madeira entalhada com formato de macacos e tamanduás, além de arcos, flechas e bordunas, enfeitaram o ambiente da grande oca de reuniões. As peças exibiam rico colorido e acabamento perfeito. O cacique Kuikuro exibia o seu cocar de penas de araras azul e vermelha (Canindé), além de um outro, feito com fibras de buriti. Várias peças foram compradas e outras trocadas. O cacique guarani Miguel Veramim foi um dos compradores e negociadores do artesanato. “É muito bonito. A compra valoriza o trabalho e a troca faz parte da cultura indígena”, comentou. O artesanato restante ficará exposto e à venda, sob responsabilidade da Prefeitura de Maricá.

O guerreiro Sepé Kuikuro, 48 anos, disse que sua tribo é composta de várias famílias, dispostas em ocas próximas em um grande terreno. Os homens caçam, pescam e exercitam-se com lutas e tiro com arco. As mulheres plantam, cozinham, cuidam das crianças e fazem artesanato. “O artesanato mais bruto, bancos, bordunas, redes, arco e flexa, é dos homens”, garantiu. Satisfeitos, os Kuikuro despediram-se em sua língua, disseram que gostaram muito do acolhimento e da visita a Maricá, prometendo voltar em breve.

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