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Plantio de ipês na aldeia indígena em Maricá

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A parceria da Secretaria de Economia Solidária com a Organização das Cooperativas do Brasil (OCB/RJ – SESCOOP) realizou na última terça-feira, 17/01, na aldeia Tekoa Ka’ Aguy Ovy Porã (Mata Verde Bonita, na língua tupi-guarani), em São José do Imbassaí, mais uma ação ambiental do programa Dia C Cooperar.

A ação tem como um de seus principais eixos a soberania alimentar (representada pela horta comunitária). Além do cacique Darcy Tupã Nunes Oliveira participaram do plantio de 30 sementes de ipê cerca de 15 índios – com idades entre 3 e 14 anos – e três turistas que estão acampados numa das ocas da aldeia, os amigos Barbara Ramos (21 anos) e Isabela Teixeira (19 anos), de Brasília, e Paulo Vitor Borges (25 anos) de Manaus.

“Esse é um projeto inovador por ser em uma aldeia indígena, onde os valores e princípios são os mesmos das cooperativas: preservar o meio ambiente, ajuda mutuamente, cooperar, respeitar. Quando a gente doa a semente para uma pessoa da cidade elas acham legal. Mas para vocês, a gente vê a importância do trabalho que desenvolvemos, a valorização dessas ações. Você tratou as sementes como se fossem ouro”, disse Sabrina Oliveira, engenheira agrônoma e representante da OCB.

Descendente indígena, Sabrina foi a responsável por orientar os pequenos em todos os detalhes da semeadura. “As sementes vieram nesse blíster (embalagem de papel), que foi colocado de molho pelo Tupã ontem (segunda-feira) à noite para que as sementes possam sair inteiras e a gente garantir que vão germinar, é uma espécie de “quebra de dormência”, explicou. “Colocamos na areia lavada, cerca de duas sementes por pote porque os nutrientes nesse início estão nas sementes, mas quando estiverem com uns 8 cm têm que colocar esterco, produto de composteira no próprio pote em que elas vão estar”, acrescentou. “A planta se hidrata pela raiz, num circuito fechado de irrigação manual, sem a preocupação de se irrigar todo dia. Você economiza água e ela continua hidratada. Mas tem que ficar na sombra, porque areia consome muito calor”, ensinou Sabrina.

Jornada Esportiva Cultural

No dia 20/04, na abertura da Jornada Esportiva Cultural da Aldeia, as equipes voltarão ao local para realizar o plantio das mudas no solo. Ações sociais de saúde e trabalho voltadas para a população também serão realizadas, marcando uma nova atividade do Dia C Cooperar. Para o cacique Tupã, iniciativas assim são muito importantes porque o povo desaprendeu a ouvir a natureza.

“As pessoas passam máquina hoje com muita frequência sem pensar na ferida que se aprofunda ainda mais. Crianças são guerreiros desde a barriga das mães. Então, nada mais justo que preservar junto, para não perder a cultura de conversar com a natureza, esse contato com a terra. É hora de salvar a futura geração”, explicou lembrando sua ligação com o ipê. “Desde criança, passeando pelas aldeias eu via muito ipê. Em algumas tinha muito e eu escolhi essa árvore para mim. É da casca do ipê que se faz o anticoncepcional, mas é só o pajé que pode coletar. Além disso, ipê dá mais vida; ajuda a gente a respirar; o colorido ajuda a renovar o espírito da criança; faz a gente voltar a praticar nossa cultura de se comunicar com a natureza e tem a ver com espiritualidade, porque é um ser que dele brota a sabedoria dos mais velhos”, acrescentou.

Para o secretário municipal de Economia Solidária, André Braga, a união com a OCB/RJ – SESCOOP e a aldeia tupi-guarani fortalece o espírito, a alma e o corpo do projeto em si. “Quando a gente une forças com eles, fomenta a cooperação, a diversidade, a ajuda ao próximo, que é o que os índios fazem hoje em dia. Assim, temos o resultado concreto dessa cooperação técnica que começou com o seminário e vai ter continuidade nas coisas que vão ser realizadas ao longo do ano”, concluiu.

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