Política

Em Maricá, Lula brinca sobre áudio com Paes e faz afago no RJ: “voltará a crescer”

Com quase três horas de atraso em relação ao horário anunciado, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chegou por volta das 20h45 desta quarta-feira à cidade de Maricá (RJ) para dar sequência à caravana que ele realiza pelos Estados do Rio de Janeiro e do Espírito Santo nesta semana.

A cidade, que ficou famosa após ser citada em uma conversa grampeada entre Eduardo Paes (PMDB-RJ) e Lula, é a única da caravana administrada pelo PT e também o lar da filha do ex-presidente, Lurian.

Lula começou se desculpando pelo atraso e citou Paes. “É uma pena que o ex-prefeito do Rio, que disse que não conhecia Maricá, não esteja aqui”, ironizou, arrancando gargalhadas dos presentes.

Em nova crítica à operação Lava Jato, o ex-presidente mencionou especificamente a atuação do Ministério Público e da Justiça no Estado do Rio de Janeiro. “A Lava Jato não pode fazer o que está fazendo com o Rio. Se um empresário é corrupto, você prende o empresário, não quebra a empresa”, disse ele, que mais uma vez lançou desafios às autoridades. “Quero desafiar o juiz [Sergio] Moro, a PF [Polícia Federal], o MP [Ministério Público], a me enfrentarem, mas nas urnas”.

Logo após a chegada de Lula, a ex-presidente Dilma Rousseff se uniu a ele no palanque enquanto a síndica de um condomínio da Minha Casa Minha Vida falava. O senador Lindbergh Farias (PT) e a deputada federal Benedita da Silva também acompanharam a caravana.

Em breve discurso, Dilma citou as pesquisas de intenção de voto em que o petista aparece em primeiro lugar, como o Datafolha divulgado no último sábado (2).

“Estão querendo tirar o Lula do processo eleitoral, porque eles não têm ninguém para concorrer contra ele. Para mim, inventaram as pedaladas; para ele, um processo sem crime”, afirmou a ex-presidente, que sofreu o impeachment em agosto de 2016.

O ex-presidente evitou citar antigos aliados políticos no Estado, como o ex-governador Sergio Cabral (PMDB), preso preventivamente há um ano e já condenado em duas ações da Lava Jato no Rio, e encerrou seu discurso prometendo que o Rio irá voltar a crescer e a “ser governado por gente honesta”.

Cerca de 2 mil pessoas acompanharam o ato, realizado na praça central da cidade. Havia diversas bandeiras da CUT e até pessoas em árvores a fim de enxergar melhor o discurso do ex-presidente.

Manifestações

Antes da chegada de Lula, o vereador Felipe Poubel (DEM) acusou a militância do PT de ter atirado uma pedra em sua cabeça e ter impedido que ele e cerca de 20 pessoas contrárias à presença do petista chegassem perto do ato. “Eles são uns monstros, uns bandidos. Tivemos que interromper o ato por questões de segurança”, afirmou Poubel em sua conta no Facebook ao dizer que levou uma pedrada na testa.

Um dos homens que organizava a chegada de Lula na cidade informou a um grupo que aguardava o ex-presidente sobre o incidente e os orientou a evitarem provocações. “Não podemos entrar no jogo deles, é o que eles esperam”, afirmou.

Um dos apresentadores citou as vaias recebidas pelo ex-presidente no começo da caravana no Estado. “Disseram que iam colocar cartazes de fora ladrão, que iam jogar ovos. Eles não têm coragem”, bradou.

Volta a Maricá após áudio polêmico com Paes

Com cerca de 40 mil habitantes e localizada a 35 quilômetros do Rio de Janeiro, Maricá ficou famosa ao ser citada pelo ex-prefeito do Rio Eduardo Paes (PMDB) em uma conversa com Lula gravada durante as investigações da operação Lava Jato.

Na gravação, os políticos falavam sobre o sítio frequentado pelo ex-presidente em Atibaia (SP), alvo de investigação da Polícia Federal. O então prefeito afirmou que se tratava de um “sitiozinho vagabundo”.

“Eu falo o seguinte: imagina se fosse aqui no Rio esse sítio dele, não é em Petrópolis, não é em Itaipava, é como se fosse em Maricá. É uma merda de lugar”, disse Paes na gravação.

Após a divulgação do áudio, o peemedebista pediu desculpas publicamente à população da cidade fluminense.

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