Maricá entra em rota de trilha sobre Charles Darwin
A passagem do naturalista inglês Charles Darwin por Niterói em 1832 deixou marcas para sempre na ciência e agora vai delimitar um caminho que colocará a cidade na rota do Sistema Nacional de Trilhas de Longo Curso, elaborada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação e Biodiversidade (ICMBio), no Corredor Litorâneo, que ligará o país, do Oiapoque ao Chuí. O traçado, lançado na última terça-feira, no Parque da Cidade, com a apresentação do projeto e o início da sinalização do percurso, foi idealizado com o objetivo de criar uma extensa rota, de 74 quilômetros, ligando Niterói a Maricá, passando por importantes unidades de conservação municipais e estaduais, além de outras áreas de relevância ambiental. Esta é a segunda trilha do programa no estado. A primeira é a Transcarioca, no Rio, inaugurada em fevereiro.
O trecho niteroiense da trilha nacional começará na estação das barcas da Praça Araribóia e contará com sinalização rústica. Do Centro, o caminho seguirá pela orla da Baía de Guanabara em direção à Praia das Flechas (setor Guanabara do Parque Natural Municipal de Niterói — Parnit), de onde é possível observar a Ilha da Boa Viagem, as cavernas localizadas abaixo do Museu de Arte Contemporânea (MAC) e as pedras do Índio e de Itapuca. O percurso avançará para o bairro São Francisco em direção ao Parque da Cidade, sede do Parnit (setor Montanha da Viração), e a partir deste trecho seguirá pela trilha Tupinambá em direção à Ilha do Pontal. Na sequência, a Rota Darwin cortará Itaipu e adentrará o Parque Estadual da Serra da Tiririca (Peset) através da trilha do Morro da Peça, mangue do Canal do Camboatá e a trilha Córrego dos Colibris.
A Rota Charles Darwin, criada pela Secretaria do Meio Ambiente, Recursos Hídricos e Sustentabilidade de Niterói, tem como inspiração a Teoria da Evolução, concebida pelo inglês. Na cidade, o símbolo nacional do projeto, representado por pegadas, ganhou a imagem de uma espécie ancestral ao Homo sapiens, fazendo referência à passagem do naturalista por aqui há 186 anos. A ideia de criar um Sistema Nacional de Trilhas de Longo Curso foi inspirada em outras iniciativas no exterior, como as existentes nos Estados Unidos, em Portugal, na Alemanha, na Espanha, na Nova Zelândia e no Peru.
A identidade visual, símbolo do projeto, unificada nacionalmente, permite aos visitantes perceber que a trilha faz parte de um sistema maior que abrange todo o país. Além de marcar o percurso para guiar os caminhantes, a sinalização será usada em diversos produtos para promover a iniciativa, como suvenires e materiais de informações turísticas.
Segundo o coordenador-geral de Uso Público e Negócios do ICMBio, Pedro Menezes, a Rota Charles Darwin integrará um circuito de mais de oito mil quilômetros, passando por mais de cem unidades de conservação federais, estaduais, municipais e privadas ao longo da costa brasileira. A demarcação em Niterói e Maricá será concluída até julho.
— (O Sistema Nacional de Trilhas de Longo Curso) É resultado da soma de várias trilhas regionais. É difícil a pessoa caminhar oito mil quilômetros de uma vez, mas ela pode incluir trechos em suas viagens. Então, a ideia é criar vários percursos que se interliguem. No caso de Niterói, a ligação foi feita com a Transcarioca, a última a ser marcada — explica Menezes, que prevê a conclusão completa do caminho litorâneo em 20 anos. — É uma previsão baseada nas experiências americana e europeia.
De acordo com a Secretaria do Meio Ambiente, o traçado foi feito privilegiando a conectividade entre o Parnit e o Peset, pela Região Oceânica, e as ciclovias que serão implantadas ao longo da Transoceânica e da Lagoa de Piratininga.
— Na conexão com o Peset, procuramos fazer um percurso por regiões menos conhecidas do que o Costão (de Itacoatiara) e o Morro das Andorinhas. É uma caminhada que tem muitos trechos urbanos, mas que passa por unidades de conservação e que não exige muito esforço porque são de nível fácil — explica a subsecretária de Meio Ambiente, Amanda Jevaux, que se reunirá hoje com o administrador do Parnit, Alex Figueiredo, para montar o cronograma dos mutirões de sinalização das rotas.
Seguindo no sentido de Maricá, ainda no Peset, a Rota Charles Darwin encontrará o Caminho de Darwin, no Engenho do Mato. Em seguida, a trilha seguirá pela Fazenda Itaocaia, onde Darwin hospedou-se durante sua viagem pela região. Após passar pela base da Pedra de Itaocaia, Patrimônio Natural de Maricá, avançará até a orla de Itaipuaçu e por toda a extensão da Área de Proteção Ambiental de Maricá, passando pelas praias de Barra de Maricá e Ponta Negra, com o seu farol, até a Praia de Jaconé, finalizando em Saquarema, onde, no futuro, pretende-se que haja continuidade do percurso