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Traficante tinha lista no celular com contados de policiais do 12º batalhão

Traficante da Favela do Sabão, em Niterói, tinha 12 PMs do batalhão da cidade como contatos na agenda do celular. É o que revela o resultado de uma investigação interna da PM, que identificou os agentes que mantinham contato, pelo celular, com o integrante da quadrilha responsável por pagar propinas para que o tráfico não fosse reprimido na comunidade. Todos os policiais envolvidos perderam o porte de arma e serão submetidos a um processo administrativo que pode culminar na expulsão da PMRJ.

A apuração começou em janeiro de 2016, quando o celular do traficante Álvaro Alan Teixeira Silva, o Ratão, foi apreendido por policiais da 76ª DP (Niterói) que investigavam o tráfico na favela. No aparelho, foram encontrados contatos armazenados que chamaram a atenção dos investigadores por conter jargões policiais, como “Sd Roney GAT”, “Gt do Souza” e vários apelidos seguidos do número do batalhão local, como “Bracinho 12”. A quebra do sigilo telefônico do traficante revelou ligações feitas para alguns dos contatos.


Em depoimento, Ratão alegou que “recolhia R$ 800 semanais para um PM lotado no DPO do Morro do Estado e R$ 700 semanais para um policial do DPO do Caramujo” — que ele identificou como o cabo Wellington Leandro de Pontes Calixto, cujo contato foi armazenado como “Ca Alto” em sua agenda telefônica.

Ao fim da investigação, que terminou com a denúncia de 25 criminosos, o MP concluiu que o tráfico pagava R$ 30 mil por semana a policiais do 12º BPM. O pagamento era feito através de intermediários que iam buscar a quantia aos fins de semana. Ratão foi preso e, em junho do ano passado, condenado a uma pena de quatro anos e oito meses.

De posse do depoimento e das informações do celular, a Corregedoria da PM passou a ouvir os donos das linhas. Os PMs admitiram as ligações para o traficante, mas deram explicações diferentes: um agente disse que tratou de assunto “familiar” com o criminoso, outro afirmou que comprou um carro do traficante.

A maioria dos PMs alegou que não sabiam do envolvimento de Ratão com o tráfico e disseram que ele atuava como informante, passando informações sobre os criminosos. A explicação não convenceu o comando da corporação.

Foram submetidos a Conselho de Disciplina e podem ser expulsos da PM os sargentos Cristiano de Abreu Miranda, Marcelo Juliaci, Magid Repani Filho e Diego da Costa Souza e os cabos Leonardo Soares Dias, Felipe Campos da Silva, Roney de Oliveira Maciel, Wellington Calixto, Alex Sandro Farias e Rafael Combos de Souza. Também foram identificados dois agentes já expulsos da PM, Cleber Lima de Azeredo e Dyego Barreto Gomes. A investigação foi encaminhada para o MP, que decidirá se vai denunciar os PMs à Justiça.


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