Maricá: Prefeitura quer despoluir lagoas, que continuam recebendo esgoto de casas e empresas
Prefeitura investiu R$16 milhões no projeto Lagoa Viva, que pretende ‘despoluir’ as lagoas
A Prefeitura de Maricá lançou, nesta quinta-feira (26/08), o Programa Lagoa Viva e inaugurou uma biofábrica para produção de bionsumos (microorganismos vivos) que serão utilizados na revitalização das águas. O município é pioneiro na utilização de uma técnica de saneamento alternativo natural, sem química.
Segundo a Prefeitura de Maricá, o primeiro passo prático foi na Lagoa de Araçatiba, a maior da cidade, onde são esperados efeitos transformadores e visíveis, como a renovação do ecossistema, a eliminação do mau cheiro e a limpidez da água. A técnica utilizada será a de bioinsumos, uma tecnologia utilizada no Japão desde a década de 60 e adaptada à realidade de Maricá, que tem seus rios desaguando nas lagoas da cidade.
De acordo com o coordenador do programa Lagoa Viva e mestre em Geologia e Geofísica pela UFF Estefan Monteiro, essa tecnologia será aplicada nos rios para que esses se tornem estações de tratamento de esgoto
“Usamos pequenas matrizes, conhecidas como mud balls (bolas de lama) ou mud bricks (tijolos de lama), compostas de lama, melaço e micro-organismos.” Informou Estefan.
Como funciona?
Esses tijolos ou bolas são colocados no leito do rio. Quando passa, a água poluída carrega parte do material até a lagoa, onde acontece um processo de autodepuração: os micro-organismos se alimentam da sujeira e produzem novos resíduos que, por sua vez, servirão de alimento para peixes, camarões e pássaros, reativando a cadeia local.
Agora, resta a Maricá esperar os resultados desse projeto, já que o município tem interesse em exportar essa técnica de revitalização de lagoas para outros municípios.
Ligações de esgoto continuam
Casas e empresas continuam despejando seus esgotos em ligações clandestinas em rios e canais que desaguam nas lagoas, o que pode fazer com que o processo seja mais demorado ou mesmo contínuo. Sem punir ninguém, Maricá segue permitindo que esse esgoto, muitas vezes de produtos químicos, seja despejado na natureza.