Notícias de Maricá

Moeda social Mumbuca completa dez anos em Maricá


O programa de renda básica implementado pela Prefeitura de Maricá em 2013 já inseriu mais de R$ 1 bilhão na economia local. Atualmente, ocorrem em média 15 mil transações por minuto. A moeda social chamada Mumbuca, lançada há uma década, circula digitalmente em todo o município. A iniciativa foi desenvolvida com base no conceito de economia circular, valorizando o comércio e os serviços locais, além de promover a geração e distribuição de renda para a população.

A política pública de economia solidária e combate à pobreza em Maricá começou com o decreto municipal n° 2.448, em 2013, que estabeleceu o programa Renda Básica da Cidadania. A moeda social recebeu o nome de um rio e bairro importantes de Maricá.

Os números demonstram a abrangência do projeto em diversos programas sociais que utilizam essa moeda digital. O programa Renda Básica da Cidadania (RBC), o primeiro implementado na cidade, beneficia atualmente 42.500 pessoas. Cada membro familiar recebe mensalmente 200 mumbucas, equivalente a R$ 200. No recém-criado Programa de Proteção ao Trabalhador (PPT), 15 mil trabalhadores autônomos e microempreendedores individuais (MEIs) recebem R$ 650 por mês, mesmo valor pago a seis mil servidores municipais como auxílio alimentação. Todo esse valor é pago em mumbucas.

O secretário de Economia Solidária, Adalton Mendonça, destaca que a cidade de Maricá já está fortemente associada ao uso da moeda social.

“Já faz parte do dia-a-dia de Maricá. A cidade foi a primeira no Brasil a ter uma moeda social inteiramente digitalizada, sem o uso do papel-moeda. Atualmente são mais de 80 mil contas abertas especificamente para receber a moeda, em diferentes modalidades. Ou seja, um terço dos moradores da cidade a utilizam”, afirmou o secretário.

O programa abrange diferentes camadas sociais. A Secretaria de Habitação e Assentamentos Humanos informa que 218 famílias realocadas de áreas de risco geológico ou que precisaram sair de construções irregulares recebem atualmente o benefício de aluguel social, pago em mumbucas. Esse programa já movimentou cerca de R$ 340 mil.

Além disso, existem programas sazonais, como o Auxílio Recomeço, que auxiliou cerca de três mil pessoas que perderam móveis e eletrodomésticos devido a uma enchente ocorrida em abril do ano passado, com valores de até R$ 5 mil. Esse programa pode ser acionado novamente em caso de novos transtornos climáticos.

Durante a pandemia da COVID-19 e a enchente de abril de 2022, parte da população recebeu o Programa de Amparo ao Trabalhador (PAT), com alguns beneficiários migrando para o PPT. Os empresários de Maricá foram contemplados com o Programa de Amparo ao Emprego (PAE), que ajudou a manter a economia local em movimento e preservou centenas de empregos em um período marcado por demissões em massa. Também estão em andamento outros programas, como o MumbuCar (voltado para taxistas, mototaxistas e entregadores), o MumbuCão (para cuidadores de animais) e um terceiro destinado a mulheres vítimas de violência.

Todas as transações monetárias com a moeda social são administradas pelo Banco Mumbuca, uma instituição financeira de caráter comunitário criada em 2017. A presidente do banco, Manuela Mello, afirma ser um imenso desafio lidar com sonhos e necessidades dos beneficiários.

“Lidamos com pessoas com necessidades muito urgentes. Temos que ter muita sensibilidade ao administrar esses valores, mas também é muito prazeroso, porque a Mumbuca é uma moeda viva, feita de gente. Estar na minha posição significa sentar com os beneficiários e buscar soluções para atender a um cliente bem específico. É um desafio grande porque algumas dessas pessoas perderam ou saíram de seus empregos, e até sub-empregos, para ter um negócio próprio. Um dos nossos objetivos é a realização desses sonhos. Ao contrário dos bancos comuns, nós aqui não temos porta giratória, detector de metais, seguranças revistando as pessoas, nada disso. Ninguém é proibido de entrar aqui. É um banco para as pessoas, e muita gente vem aqui só para visitar, para conversar e tomar um café e daí vão surgindo as ideias. Nossa filosofia é que ninguém pode sair insatisfeito com o banco”, afirma Manuela.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo