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Maricá: Vereador Netuno (PL) entra com pedido de cassação contra Hadesh (PT)

O clima na Câmara Municipal de Maricá voltou a esquentar após a mais recente troca de acusações entre os vereadores Ricardinho Netuno (PL) e Hadesh (PT). Após Hadesh protocolar, no fim de junho, o terceiro pedido de cassação contra Netuno por quebra de decoro, o vereador do PL reagiu com um vídeo gravado em seu gabinete e apresentou uma nova representação, desta vez pedindo a cassação do próprio Hadesh.

No vídeo, Netuno acusa Hadesh de perseguição e tentativa de silenciamento por sua atuação de oposição ao governo. “Estão tentando me calar. Mas a verdade eu vou mostrar para vocês agora”, disse. Ele também afirmou que, todas as vezes em que apresenta denúncias contra a administração municipal, é alvo de ataques pessoais por parte do petista. “Eu não vou recuar. Eu não vou parar de denunciar, de fiscalizar, de defender a nossa cidade”, declarou.

A resposta foi acompanhada de uma representação formal entregue à Mesa Diretora da Câmara, em que Netuno acusa Hadesh de conduta reiterada, agressiva e antidemocrática, incompatível com a ética parlamentar. Segundo o documento, a postura do vereador petista, que também é líder do governo, configura quebra de decoro e ameaça à liberdade de atuação dos parlamentares.

A representação cita quatro episódios ocorridos em plenário, entre janeiro e junho deste ano. Em 23 de janeiro, Hadesh teria imputado o rótulo de “racista” a Netuno após um debate sobre o programa Passaporte Universitário, ao criticar a posição do vereador do PL contrária às cotas raciais. Em 16 de abril, Hadesh teria acusado Netuno de “desinformação” e “criminalização da política” após denúncias feitas pelo opositor sobre possíveis irregularidades na área da saúde. Já em 28 de maio, Hadesh o teria ridicularizado com a expressão “vereador camarão, cabeça de titica”. O episódio mais recente, segundo Netuno, ocorreu em 25 de junho, quando foi chamado de “vagabundo” em plenário, repetidamente, durante uma discussão.

Na peça apresentada à Câmara, Netuno sustenta que Hadesh utiliza a tribuna de forma recorrente para lançar ataques pessoais, coagir colegas e impedir a livre manifestação de ideias no parlamento. Segundo o vereador do PL, as condutas são dolosas, reincidentes e incompatíveis com a função pública. A representação foi fundamentada nos artigos 269 e 271 do Regimento Interno da Câmara, que tratam das penalidades aplicáveis a vereadores que atentem contra o decoro.

Netuno também solicitou que o caso seja remetido ao Conselho de Ética da Casa, com análise das gravações das sessões citadas, oitiva de testemunhas e aplicação da pena máxima: a cassação do mandato do vereador Hadesh. “As hostilidades reiteradas do Representado contam com a malévola intenção de insultar e atingir a honorabilidade do parlamentar enquanto este expõe suas proposições em plenário”, diz o texto assinado por Netuno.

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Em sua manifestação anterior, Hadesh justificou o pedido de cassação de Netuno alegando que foi chamado de “delinquente” e “marginal” em sessão plenária, o que configuraria ofensa pessoal e incompatibilidade com o decoro. O vereador do PT já havia apresentado outras duas representações contra Netuno — uma durante a pandemia e outra no ano passado — que não avançaram na Comissão de Ética.

O caso agora está nas mãos da presidência da Câmara, que deverá encaminhar ambos os pedidos ao Conselho de Ética e Disciplina. A comissão é responsável por avaliar se os fatos relatados são procedentes e se há elementos suficientes para abertura de processo disciplinar. A presidente da comissão de ética é a vereadora Rita Rocha (PT).

O embate acirrado entre os dois parlamentares reflete a crescente tensão na Casa Legislativa desde o retorno de Washington Quaquá (PT) à Prefeitura de Maricá. Netuno se posiciona como um dos poucos opositores do governo, enquanto Hadesh atua como defensor da gestão, por ser líder do governo na Câmara.

Até o momento, Hadesh não se pronunciou sobre o pedido de cassação apresentado por Netuno. O desfecho do caso dependerá da análise técnica e política do Conselho de Ética nas próximas semanas.

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