Onça-parda ameaçada de extinção é flagrada em Maricá
Uma nova onça-parda (Puma concolor) foi registrada pelas câmeras do Programa de Monitoramento da Fauna Silvestre (Mofama) no Refúgio de Vida Silvestre Municipal de Maricá (Revis), localizado no bairro do Espraiado. O flagrante ocorreu em janeiro deste ano e trata-se de um animal com aproximadamente dois anos de idade. Esse é o segundo registro da espécie na região em um intervalo de poucos meses.
O programa de monitoramento, além de identificar a onça-parda, também capturou imagens de outros animais silvestres, como gambá (Didelphis), cuíca (Metachirus nudicaudatus), caxinguelê (Sciurus aestuans) e quati (Nasua nasua). Diversos felinos selvagens também foram registrados ao longo de 2024, incluindo o gato-maracajá (Leopardus wiedii), o gato-mourisco (Puma yagouaroundi) e a jaguatirica (Leopardus pardalis), espécies de topo de cadeia alimentar e indicadoras da qualidade ambiental da região.
De acordo com o secretário de Meio Ambiente e Sustentabilidade de Maricá, Helter Ferreira, a presença da onça-parda é um indicativo positivo para a biodiversidade local. “O registro de uma nova onça-parda em nosso Refugio de Vida Silvestre é um marco para a biodiversidade e reforça nosso compromisso com a preservação, monitoramento e educação ambiental, contando sempre com o apoio da comunidade para proteger nossa riqueza natural”, destacou.
Monitoramento por armadilhas fotográficas
As imagens da onça-parda e de outras espécies foram obtidas por meio de armadilhas fotográficas instaladas estrategicamente no Refúgio de Vida Silvestre de Maricá. Esses equipamentos são fixados nos troncos das árvores e revisados periodicamente para analisar a ocorrência da fauna na região.
O monitoramento ganhou um reforço importante em 2023, com a chegada de câmeras cedidas pelo projeto Onças Urbanas, uma iniciativa do Instituto de Biologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), do BioParque do Rio de Janeiro e do Projeto Aventura Animal, coordenado pelo bólogo Dr. Izar Aximofi. O projeto tem como objetivo não apenas registrar a presença de espécies silvestres, mas também promover a educação ambiental junto à comunidade local. A iniciativa também está presente em outras cidades litorâneas da Região Metropolitana, como Niterói e Rio de Janeiro.
Segundo Izar Aximofi, as armadilhas fotográficas também registraram mamíferos terrestres de médio e grande porte, incluindo espécies ameaçadas de extinção, como o gato-maracajá, o gato-mourisco, o lobo-guará (Chrysocyon brachyurus) e a paca (Cuniculus paca). “Todas essas espécies não são mais encontradas, por exemplo, no Parque Nacional da Tijuca, outra unidade de conservação urbana próximo à Costa na Região Metropolitana. Isso revela a importância do REVIS para a conservação de mamíferos da Mata Atlântica”, afirmou o biólogo.
Ameaça de extinção
A onça-parda é uma espécie ameaçada de extinção, constando na Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) e classificada como vulnerável pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
Trata-se de um predador carnívoro generalista, que pode variar sua dieta de acordo com a disponibilidade de presas, incluindo lagartos, aves e pequenos mamíferos. O peso dos indivíduos da espécie varia entre 40 kg e 50 kg. Assim como outros felinos, a onça-parda possui hábitos crepusculares e noturnos, sendo mais ativa ao entardecer e durante a noite. São animais solitários e oportunistas, caçando sempre que surge uma oportunidade.
Histórico de registros em Maricá
O primeiro registro de uma onça-parda no Refúgio de Vida Silvestre de Maricá ocorreu em setembro de 2021. Em outubro de 2023, foi feita uma nova identificação do felino na mesma região. O terceiro registro foi realizado entre os dias 6 e 7 de fevereiro de 2024, em uma propriedade rural de Ponta Negra.
A espécie, que era considerada extinta na área litorânea há mais de um século, vem sendo monitorada de perto, e sua presença reforça a importância das áreas de conservação para a recuperação da fauna local.
Outros flagrantes de animais ameaçados
Em novembro de 2024, uma câmera registrou a presença de um jaguarundi (Herpailurus yagouaroundi), também conhecido como gato-mourisco, caminhando pelo Refúgio de Vida Silvestre de Maricá. O primeiro registro desse animal na região ocorreu em 29 de janeiro de 2024. O gato-mourisco também está na Lista Vermelha da IUCN.
A Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade de Maricá segue utilizando os dados obtidos pelo Programa de Monitoramento da Fauna para pesquisas sobre a biodiversidade local. O monitoramento contribui para a avaliação da eficácia das áreas protegidas na conservação da fauna e no acompanhamento das tendências populacionais das espécies silvestres presentes na região.