Maricá: Prefeito defende nova política de renda: “Quem quiser se encostar, que se encoste em outro lugar”

O prefeito de Maricá, Washington Quaquá, voltou a defender mudanças na política de distribuição de renda do município, em um vídeo publicado nesta segunda-feira (14/07) nas redes sociais. Durante a gravação, ele afirmou que pretende reduzir o modelo atual de concessão de bolsas e ampliar ações voltadas para o desenvolvimento econômico e a profissionalização da população.
A fala chama atenção porque o principal programa de transferência de renda da cidade, o Renda Básica de Cidadania (RBC) — conhecido popularmente como Bolsa Mumbuca — foi criado pelo próprio Quaquá em seu segundo mandato, em 2013, quando governava Maricá pela segunda vez. Desde então, a política de distribuição de renda se expandiu em todas as gestões seguintes, todas do PT, e se tornou referência nacional em programas municipais de combate à pobreza.
Agora, Quaquá, que voltou ao cargo após vencer as eleições de 2024, anuncia uma reavaliação dessas políticas. Segundo ele, parte dos benefícios precisa ser substituída por projetos de formação profissional e geração de emprego, com foco no fortalecimento da economia local.
“Tô acabando com essa história de ficar dando bolsas, às vezes absurdas. Eu fiquei sabendo essa semana, amanhã eu vou contar pra vocês essas histórias de gente que se encostou no governo e não quer mais trabalhar”, disse Quaquá no vídeo.
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O prefeito destacou que pretende priorizar investimentos em formação técnica e superior, como o Passaporte Universitário, que financia cursos de graduação e pós-graduação para moradores da cidade. Segundo ele, a Prefeitura quer direcionar a mão de obra formada em Maricá para o desenvolvimento de novos setores econômicos, como turismo, agronegócio de alta qualidade e serviços.
“Eu quero construir uma economia para as pessoas. Então, dia 22, o Zé vai fazer uma reunião com os passaporteanos, com o pessoal do Passaporte de todas as profissões, pra gente montar uma cooperativa. A prefeitura vai construir negócios: seja na empresa de alimentação, no turismo com hotelaria, em vários ramos da economia. Vai ser uma parceria público-cooperativa, pra que você do Passaporte ganhe um salário e também ganhe com o lucro da empresa”, afirmou.
Cooperativas e cursos técnicos
Quaquá também anunciou a criação de um programa de cursos técnicos, além da formação universitária. Segundo ele, a ideia é ampliar as oportunidades para quem não tem formação superior, mas deseja trabalhar em setores produtivos do município.
“Hoje mesmo recebi um menino aqui, perguntei: ‘cara, você tem carteira de motorista? Tem algum curso técnico?’ ‘Não, não tenho’. Então você fica limitado pra ajudar as pessoas. Quero criar um imenso programa de cursos técnicos em Maricá”, destacou.
Fim do assistencialismo?
O discurso do prefeito sinaliza uma mudança na política pública que fez de Maricá um dos municípios com maior percentual de população beneficiada por programas de transferência de renda no país. A proposta é criar um modelo de economia popular cooperativa, reduzindo o chamado “assistencialismo puro” e fortalecendo a geração de trabalho e renda por meio de parcerias entre o poder público e cooperativas formadas por moradores da cidade.
“Nós vamos construir uma nova economia, valorizando o povo, mas valorizando quem quer trabalhar. Quem quer se encostar, que se encoste em outro lugar. Aqui não!”, finalizou Quaquá.
O Renda Básica de Cidadania e o Passaporte Universitário são dois dos principais programas sociais de Maricá, sustentados pelos royalties do petróleo. Somente o RBC já chegou a atender mais de 60 mil moradores com um benefício mensal pago em moeda social (Mumbuca), enquanto o Passaporte financia cursos universitários para milhares de estudantes.
Desde o início do ano, a Prefeitura vem realizando cortes e recadastramentos, excluindo cerca de 15 mil beneficiários do RBC sob a justificativa de atualização do CadÚnico e da necessidade de priorizar quem realmente precisa.
Agora, Quaquá sinaliza que novas mudanças estão por vir, com foco em geração de empregos e negócios próprios, mas a transição deve gerar debates entre os moradores e a própria base política do governo.