Itaboraí

Comperj gera legião de moradores de rua em Itaboraí

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O Fluminense

Informação é do Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua do Município. Nesta segunda, mais de mil famílias devem voltar para seus Estados

Por Pamella Souza – De aproximadamente 200 pessoas que vivem em situação de rua em Itaboraí, 70% dos casos são de ex-funcionários do Complexo Petroquímico do Estado do Rio de Janeiro (Comperj). A informação é do Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua do Município (Centro Pop).
Ainda de acordo com o órgão, nesta segunda-feira (2), mais de mil famílias de funcionários demitidos do Complexo, que não têm condições de retornar aos seus estados de origem, devem ser despejadas das pensões em que estão alocadas, por conta do vencimento do seguro-moradia e por falta de dinheiro para renovar um aluguel de imóvel.
“Itaboraí teve um aumento considerável no número de moradores de rua com as constantes demissões do Comperj”, confirmou o secretário de Desenvolvimento Social e vice-prefeito de Itaboraí, Audir Santana, destacando que muitas pessoas que vieram de outros estados com a promessa de garantir uma vida melhor, não conseguem retornar aos seus locais de origem, pois não têm condições financeiras para arcar com as passagens.
Ele informou que, através da Prefeitura, ex-funcionários estão sendo enviados de volta para casa. Com este auxílio, o número de pessoas que conseguem retornar chega a 20 por mês.
“Estamos realizando um trabalho e conseguindo levar algumas dessas pessoas de volta, levando até as rodoviárias e pagando as passagens. Porém, é uma demanda grande e não temos condições de ajudar todos que precisam”, completou.
A Secretaria de Desenvolvimento Social trabalha nessa questão juntamente com o Centro Pop, que é destinado exclusivamente para cuidar da população que se encontra em situação de rua.
“Não temos como precisar o quanto o número de moradores de rua se elevou com a crise do Comperj, mas sofreu um aumento considerável. Temos hoje cerca de 200 moradores de rua na cidade e posso afirmar que 70% desses casos são de ex-funcionários. Estamos trabalhando juntos para diminuir essa crise”, esclareceu o coordenador do Centro Pop, Fábio Krespane. 
Krespane explicou que mais famílias estarão nas ruas já que o depósito de três meses, que funciona como um seguro, tem data de vencimento para a primeira semana do mês. Muitos dos trabalhadores que vieram para Itaboraí não têm de onde tirar verba para renovar um contrato de locação.
“Estamos muito preocupados com este fato. O Centro Pop está tentando resolver essa situação, mas a demanda aumentará muito. Não temos como ajudar todas essas famílias que necessitam de um lar. Os que nos procuram, querendo voltar para casa, estão recebendo ajuda. No entanto, muitos outros não querem voltar, na esperança de conseguir um novo trabalho quando as atividades no Comperj se reiniciarem”, contou o coordenador.
Já o secretário de Habitação, Wolney Trindade, diz que a situação está cada vez pior com as constantes demissões por parte das empreiteiras do Comperj. Segundo ele, o programa Minha Casa, Minha Vida, que está construindo moradias para  três mil famílias, não será o suficiente para resolver o problema de todas as pessoas que necessitam de um lar.
De acordo com Wolney, milhares de pessoas estão sem renda, o que impossibilita o aluguel de uma casa ou até mesmo o sustento da própria família.
“Temos dificuldade para arcar com a nossa própria população que vive em áreas de riscos. Como poderemos resolver a situação dos desempregados do Comperj? Precisamos atender primeiro aos nossos moradores e depois pensar no que fazer com eles. O programa social só resolve 10% do nosso problema. São mais de 8 mil pessoas que estão à procura de um emprego ou em busca de um lar”, declarou o secretário.
Com essa constante ascensão da população de rua, uma questão preocupante é o aumento da violência no município. No entanto, o comandante do 35º BPM (Itaboraí), tenente-coronel André Henrique, afirma que a situação está sob o controle da Polícia Militar.
“Estamos com uma meta de redução de roubos de rua de 85 casos por mês. Neste mês, conseguimos detectar somente 45 e poucos deles são casos em que ex-funcionários do Comperj estão envolvidos. Porém, nos meses de março e abril este índice com certeza deve aumentar, diante da situação que se agrava”, prevê o comandante.

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