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Maricá: Secretaria de Direitos Humanos emite nota contra ato do Governador Witzel no episódio do secretário

A Secretaria de Participação Popular, Direitos Humanos e Mulher de Maricá (RJ) emitiu uma nota repudiando o caso em que o governador Wilson Witzel (PSC) chega de helicóptero na Ponte Rio-Niterói comemorando a morte do sequestrador do ônibus da Galo Branco que seguia de São Gonçalo para o Estácio, no Rio de Janeiro.

Já comentários da publicação, feita na página do facebook da Secretaria de Participação Popular, Direitos Humanos e Mulher, diz que o governador comemorou pela vida das 37 pessoas salvas na ocasião.

Confira a nota na íntegra:

Não há motivo pra celebração. A morte jamais deve ser um espetáculo.

O que se espera de alguém que está a frente de nosso estado é uma postura séria, condizente com o cenário de terror que tomou conta da Ponte Rio-Niterói hoje.
A descida de helicóptero no meio da pista, vibrando como quem faz um gol, beira a mediocridade. Um ato cinematográfico que, no que depender de nós, não irá abafar as vidas inocentes perdidas na semana passada graças a perversidade deste governador. Levantamentos recentes apontam que a região metropolitana de nosso estado teve 33 vítimas fatais por bala perdida este ano. São, em média, uma morte por semana. Um total de 119 baleados. Um aumento absurdo de mortes fruto de uma estratégia que opta pelo confronto, baseada na ilusão de que o extermínio levará à solução. Então não, a culpa não está na mão dos Direitos Humanos, está na mão de quem não tem humanidade, como o governado e os seus.

A população precisa se perguntar se é o banho de sangue que trará novamente tranquilidade para o seu ir e vir; precisa sair dessa cegueira coletiva e questionar o porquê de seguirmos tendo a polícia que mais mata e mais morre no mundo sem absolutamente nenhuma diminuição da criminalidade; precisa olhar a realidade e ver que essa suposta guerra às drogas preserva os poderosos que moram nos “condomínios da Barra da Tijuca” e faz chuva de tiro com helicóptero sob as comunidades.

Quem celebra o caos? Quem celebra a morte? Que tipo de gente gargalha e brinda a ausência de paz? Quem acha que “mirar na cabecinha” traz paz? Será que este homem conseguiria encarar as famílias destruídas pela suas decisões e falar que “se tiver com fuzil tem que matar”? Dizer isso para a família do jovem que sonhava ser jogador de futebol e tomou um tiro pelos costas? Para as crianças atingidas a caminho da escola ou mesmo dentro de casa? Essa política de segurança pública, que desconsidera a inteligência em suas ações, também é usada para combater a cúpula do crime organizado? Ou essa é devidamente protegida pela cor de sua pele e pela covardia do governador.

O que devemos lamentar é a calamidade em que o Rio chegou e como a violência tem sido usada como ferramenta política para legitimar o aprofundamento da barbárie! Enquanto ele pulava na Ponte, as Milícias seguem desenvolvendo formas sofisticadas de controle do Rio de Janeiro inteiro! Atuam na construção e venda de casas, dominam a venda de produtos essenciais como gás de cozinha e remédios, atormentam pescadores, usurpam dinheiro de comerciantes, violentam moradores. E, o mais absurdo, são até nomeados em gabinetes de figuras políticas na Assembleia dos Deputados de nosso estado. Existe empenho e coragem em acabar com esse tipo de bandidagem? Mas talvez seja mais fácil e menos arriscado atirar num homem que já havia se rendido.

A Secretaria de Participação Popular, Direitos Humanos e Mulher repudia veementemente o comportamento inconcebível de Wilson Witzel, mas também se solidariza com todos e todas que estavam dentro do ônibus, bem como com suas famílias, que também sofreram. Que este momento desesperador possa ser superado em breve.

Falta humanidade àqueles que comandam o estado e o país. A promoção do ódio e do desprezo pelo que é humano rende voto e pontos com uma parcela da população que aplaude. Nossa sociedade está doente. É indispensável que nós, irredutíveis defensores da civilidade e da vida, mantenhamos o posicionamento firme e contrário a esse mar de horror. Findamos com esse apelo, confiantes de que dias melhores virão das mãos de quem ousa pensar diferente.

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