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Fiocruz encontra material genético do coronavírus no esgoto

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Pesquisadores da Fiocruz encontraram material genético do novo coronavírus em amostras do esgoto de Niterói. O estudo permite a identificação precoce do vírus mesmo em regiões onde não há casos notificados no sistema de saúde, funcionando como um instrumento de vigilância.

As primeiras coletas foram realizadas no dia 15 de abril. Nesta fase, o material genético do vírus foi detectado em amostras de cinco dos 12 pontos de coleta. Em um primeiro momento, o projeto prevê o monitoramento das amostras de esgoto por quatro semanas, com possibilidade de prorrogação.

“O monitoramento subsidiará informações para a vigilância em saúde, permitindo otimizar o uso dos recursos disponíveis e fortalecer medidas de profilaxia na área, uma vez que a investigação pode fornecer um retrato da presença de casos positivos em determinada localidade, incluindo assintomáticos e subnotificados no sistema de saúde”, afirma Marize Miagostovich, pesquisadora responsável pelo estudo e chefe do Laboratório de Virologia Comparada e Ambiental da Fiocruz.

A virologista lembra que, até o momento, não há comprovação de que o vírus possa ser transmitido pelo contato com as fezes de uma pessoa infectada, como ocorre em outras doenças de transmissão hídrica causadas por vírus, bactérias e protozoários. “Ainda não há evidências na literatura científica de que, quando excretado nas fezes, o vírus ainda esteja viável para infectar outras pessoas”, diz.

No entanto, há estudos que indicam que essa é uma possibilidade. Um deles, publicado no dia 21 de abril pela revista científica britânica The BMJ, mostra que o vírus foi detectado em amostras de fezes de 59% dos pacientes, por um período médio de 22 dias.

O artigo não fornece a certeza da transmissão pelo contato com as excreções, já que o teste molecular, feito para detectar a doença nos pacientes que participaram da pesquisa, detecta partes do vírus na pessoa, mas não diz se ele ainda está ativo para causar a infecção.

O vírus também foi encontrado nas amostras de fezes de crianças que participam de um estudo conduzido pelo infectologista Marco Aurélio Sáfadi, da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. Ele afirmou à Folha que não há como assumir que o vírus é transmitido pelas fezes, mas que a possibilidade existe. “Isso traz a necessidade de maior atenção”, disse.

Por enquanto, cientistas e médicos consideram que a via respiratória é o principal modo de transmissão do novo coronavírus, por meio das gotículas que são liberadas quando o doente tosse ou espirra.

O planejamento e a realização da coleta das amostras para o estudo da Fiocruz estão sendo realizados pela própria instituição, em colaboração com a concessionária Águas de Niterói, que opera os serviços de tratamento de esgoto na cidade.

A Prefeitura de Niterói afirma que o estudo poderá ajudar a priorizar as comunidades onde primeiramente será aplicado um programa de testagem em massa para identificar os infectados pelo novo coronavírus.


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