Maricá planeja utilizar o Porto de Jaconé para impulsionar a exportação de gado vivo

Maricá está se articulando para ingressar no mercado de exportação de gado vivo, setor em expansão no Brasil. Na manhã desta terça-feira (17/06), uma reunião entre representantes municipais e estaduais discutiu as ações e medidas necessárias para a implantação da atividade no município.
A principal aposta é a construção do Porto de Maricá, com início das obras previsto para o segundo semestre deste ano. Embora o porto ainda não esteja em operação, há expectativa de que a cidade possa, antes disso, atuar como uma área de quarentena — etapa obrigatória no processo de exportação de animais.
“Toda essa parte de quarentena do gado foi discutida. Maricá pode receber esses animais de outras partes do Brasil para quarentenar e depois exportar. Aqui existe muito potencial para que a cidade faça parte desse novo momento do agronegócio no Rio de Janeiro na exportação”, afirmou Raphael Moreira, superintendente do Ministério da Agricultura no Estado do Rio de Janeiro.
O Brasil exportou mais de 1 milhão de cabeças de gado em 2024. No Rio de Janeiro, o Porto do Açu, em São João da Barra, passou a ser o primeiro ponto de embarque autorizado no estado a partir de janeiro deste ano. As embarcações transportam, em média, de 5 mil a 7 mil animais, podendo chegar a 20 mil.
Até recentemente, a exportação de gado vivo era concentrada em portos de São Paulo, Pará e Rio Grande do Sul. Com novos pontos em operação, há a expectativa de geração de emprego, movimentação econômica local e ampliação da cadeia produtiva em cidades como Maricá.
“Serão gerados muitos empregos em várias áreas ligadas ao segmento. Transporte, alimentação dos animais, cuidados veterinários… toda essa cadeia será envolvida. Cada embarcação movimenta cerca de R$ 400 milhões na economia do estado. Logo, mais empresas que virão para Maricá e, consequentemente, a população será beneficiada”, disse Raphael.
Mesmo antes da finalização do porto, o município já planeja funcionar como base para pré-embarque. A cidade receberia animais de diferentes regiões do país para o período de quarentena, com posterior envio a outros portos habilitados.
Segundo Renato Poubel, médico veterinário e empresário, Maricá tem potencial para ir além. “Maricá tem a possibilidade de ter uma demanda que hoje, ainda, é reprimida. Teremos tanto a exportação quanto o confinamento do gado na região. Eu entendo que Maricá tendo um porto teria total condição de se tornar uma potência em exportação para o mundo inteiro.”
O projeto conta também com a participação da companhia Maricá Alimentos (Amar), responsável por estratégias de diversificação econômica no município, especialmente nos setores de biotecnologia e agroalimentos.
“Nós queremos expandir todas as iniciativas. E a exportação de gado vivo é algo que está crescendo no Rio de Janeiro. A partir desse encontro, vamos ver as possibilidades do gado confinado aqui em Maricá sendo destinado à exportação”, afirmou Marlos Costa, presidente da Amar.
Paralelamente, a companhia trabalha na obtenção da certificação agropecuária nacional junto ao Ministério da Agricultura. Atualmente, a cidade conta com inspeção municipal. A meta é alcançar o Serviço de Inspeção Federal (SIF), o que permitiria que os produtos locais fossem comercializados em escala nacional e internacional.