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Maricá enfrenta recorde de queimadas e Fórum Popular propõe criação de Brigada Municipal de Incêndios

A crise climática deu mais um alerta em Maricá. Entre junho e julho de 2024 e, mais recentemente, entre o fim de fevereiro e início de abril de 2025, o município foi invadido por uma série de incêndios que devastaram áreas urbanas, rurais, de restinga e de Mata Atlântica. Segundo o Corpo de Bombeiros (CBMERJ), Maricá liderou o número de focos de incêndio no estado do Rio de Janeiro nesse período.

A devastação tem causa conhecida: a combinação da cultura do uso do fogo com os efeitos extremos da crise climática, como a estiagem prolongada – que durou cerca de 70 dias – e a falta de preparo estrutural para emergências ambientais.

A destruição das vegetações nativas comprometeu a biodiversidade local, o abastecimento de água e a produção agrícola. “Quantas pessoas ficaram sem água? Quantos agricultores perderam suas lavouras? Quantas espécies foram dizimadas?”, questiona a Coordenação do Fórum sobre a Crise Climática e seus Efeitos em Maricá, que se manifestou publicamente e apresentou propostas concretas às autoridades municipais.

No último dia 3 de abril, o Fórum protocolou junto ao Gabinete do Prefeito e à Presidência da Câmara de Vereadores uma minuta de Projeto de Lei que institui a criação da Brigada Municipal de Combate a Queimadas e Incêndios. A iniciativa visa formar uma força local, treinada e equipada, para agir preventivamente e em casos de emergência.

Segundo a proposta, a brigada estaria vinculada à Secretaria Municipal de Defesa Civil e Segurança Pública, com atuação articulada com o Corpo de Bombeiros, IBAMA, Secretaria de Meio Ambiente e outros órgãos. A lei também prevê a valorização dos brigadistas voluntários, com formação baseada nas normas da ABNT e suporte das instituições como o Prev-Fogo/IBAMA.

Um exemplo que já está em andamento é o treinamento da Brigada Guarani na Aldeia Mata Verde, iniciativa da Comissão de Lideranças da Aldeia em parceria com o movimento Baía Viva, IBAMA e outras entidades ambientais.

O Fórum destaca que combater a crise climática vai muito além da resposta emergencial. São necessárias ações educativas, políticas públicas e engajamento comunitário. Entre as propostas estão:

  • Educação ambiental contínua;

  • Campanhas de conscientização sobre uso do fogo;

  • Fiscalização e punição para crimes ambientais;

  • Criação de brigadas comunitárias e reconhecimento legal dos brigadistas voluntários;

  • Investimento em infraestrutura e equipamentos para a Defesa Civil;

  • Implementação de políticas sustentáveis com base nos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU.

A minuta também aponta falhas no atual Plano de Contingência do município, que não contempla queimadas e incêndios como emergências prioritárias, apesar de sua crescente frequência e gravidade.

“Sabemos que vencer todos os efeitos da crise climática em Maricá não depende só de nós e não poderemos resolver tudo de uma vez”, diz o informe do Fórum. “Mas precisamos começar. E a criação de brigadas bem preparadas é um passo urgente e essencial.”

A proposta agora aguarda apreciação da Câmara Municipal e sanção do prefeito.

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