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Fundação que cuida de rios é flagrada poluindo um deles

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Do Jornal do Brasil – Na tarde de quarta-feira (17), um caminhão da Fundação Rio Águas despejava detritos no Rio Jacaré, dentro da recém-pacificada favela de Manguinhos, para espanto dos moradores. 
Rio+Aguas
Caminhão da Rio Águas despeja detritos no Rio Jacaré.
A fundação, segundo definição na sua página da internet, tem por função “a manutenção dos corpos hídricos do município, realizando obras de conservação e desobstrução de canais e rios, além disso, é o órgão responsável pelo planejamento, supervisão e operação, direta ou indireta, do sistema de esgotamento sanitário”. No caso, ela nem conservava nem cuidava do esgotamento sanitário, mas simplesmente ajudava a poluir ainda mais o rio despejando mais resíduos em seu leito. 
O prefeito Eduardo Paes, ao ser informado pelo Jornal do Brasil sobre o fato, se mostrou surpreso: “As empresas são contratadas para fazer o despejo correto. Quem fizer uma coisa dessas tem de ser punido”, disse.
Culpando terceiros
A Rio Águas, ao ser procurada na quarta-feira pelo Jornal do Brasil, tentou lavar as mãos e jogar a culpa em uma terceirizada. Em nota, declarou que “a empresa terceirizada realizou descarte de resíduos indevidamente no Rio Jacaré”. Afirmou ainda que “não compactua com este procedimento” e garantiu que “no momento, avalia a denúncia e informa que a empresa será multada, podendo ter o contrato suspenso. Todos os funcionários presentes na foto são terceirizados”.
Nesta quinta-feira (18), a Rio Águas identificou a empresa terceirizada e confirmou mais uma vez o descarte indevido: “A Fundação Rio-Águas informa que a empresa Serviços de Engenharia, Indústria e Comercio Ltda (Senic) realizou descarte de resíduos indevidamente no Rio Jacaré”, disse em nota.
Poluição antiga
Nilson Damião, morador da comunidade há 48 anos, declarou que a poluição do canal começou há cerca de três décadas e desde então só aumentou: 
“São vários fatores: traficantes jogavam os corpos de desafetos no canal, muitos moradores são porcos. Além disso, muitos carros, de diferentes tamanhos, despejavam diversas substâncias neste canal”, conta Damião, que lembrou que a presença dos traficantes na comunidade intimidava a qualquer um que fosse verificar o que acontecia.
Vanderley Pereira, de 29 anos, lamenta o impacto ambiental que ocorre na comunidade com esses despejos, e disse claramente que há pessoas dentro da favela que contribuem para isso:
“A Associação de Moradores do Parque João Goulart não faz nada para resolver esse e outros problemas da comunidade. Isso é uma vergonha”, desabafou. Outro morador, que se identificou apenas como Manoel ao Jornal do Brasil, aproveitou para ironizar a situação dos que residem à beira do canal:
“Nossas casas deveriam custar muito mais. Temos essa vista privilegiada e esse cheiro fenomenal que passa pelos nossos narizes”, provocou Manoel. Maria do Carmo, de 52 anos, também estava indignada com a situação: “Nós vivemos na podridão, e as pessoas acham que nós gostamos de viver assim”.

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