Maricá anuncia compra de imóveis próximos ao aeroporto
A Prefeitura de Maricá anunciou que pretende adquirir imóveis de moradores interessados em deixar a área próxima ao aeroporto da cidade. A informação foi divulgada pelo prefeito Washington Quaquá (PT) nesta segunda-feira (14), por meio de uma publicação nas redes sociais, acompanhada de um vídeo que mostra o andamento das obras na pista do aeródromo.
Em seu storie no Instagram, Quaquá afirmou que a prefeitura está “preparando o aeroporto para decolar de vez” e declarou que as casas do condomínio localizado ao lado do sítio aeroportuário serão compradas pela gestão municipal, caso os moradores manifestem interesse em sair. O prefeito, no entanto, não esclareceu o que será feito com os imóveis adquiridos.
A ampliação do aeroporto tem gerado tensão entre os moradores da região e a administração municipal, principalmente em razão do aumento do barulho causado pelas operações. Desde outubro de 2024, moradores do condomínio Mega Residence I, no Parque Eldorado, relataram ruídos intensos de helicópteros após a abertura de um novo pátio de aeronaves. A situação chamou a atenção da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), que solicitou explicações sobre o impacto sonoro.
Em novembro, o Ministério Público Federal recomendou que a Companhia de Desenvolvimento de Maricá (Codemar) adotasse medidas urgentes para reduzir o ruído. A empresa respondeu que estavam em andamento estudos de impacto ambiental e de zoneamento de ruído, além da instalação de uma cerca de bambu anão e da construção de uma barreira acústica, com a expectativa de reduzir em até 70% o impacto sonoro. Um comitê com representantes da Petrobras, da sociedade civil e de moradores foi criado para acompanhar a questão.
Em março de 2025, a situação ganhou novos desdobramentos com o ingresso de uma ação popular por parte de moradores da região central de Maricá contra o município e outros envolvidos na expansão do aeroporto. As principais queixas são a poluição sonora e a construção de novos pátios sem medidas mitigadoras adequadas. A ação também questiona a legalidade do licenciamento ambiental, apontando que a autorização deveria ser dada pelo Instituto Estadual do Ambiente (INEA), e não pela Secretaria de Cidade Sustentável de Maricá.
Embora o aeroporto seja de responsabilidade da União, ele é operado pela Codemar. Até recentemente, a prefeitura negava qualquer intenção de realizar obras viárias ou desapropriações na área. Agora, a proposta de compra voluntária de imóveis surge como uma alternativa para mitigar o conflito entre o poder público e os moradores do entorno.
O aeroporto de Maricá está em fase de obras de melhoria na pista, o que levou à suspensão temporária do programa Voa Maricá, que operava voos entre a cidade e Campinas, em São Paulo. Segundo a Codemar, a expectativa é que os voos comerciais sejam retomados no segundo semestre de 2025, com novos destinos como Brasília e Belo Horizonte. Além da reforma da pista, estão sendo construídos novos hangares no chamado Pátio 4, dentro do plano de expansão do terminal. Atualmente, o aeroporto realiza cerca de 70 voos offshore por dia, com destino à Bacia de Santos, uma das principais áreas de exploração do pré-sal.