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Navio negreiro naufragado em Itaipuaçu pode virar documentário com apoio de Maricá

A história do navio negreiro Sumaca Malteza, que naufragou no litoral de Itaipuaçu em 1850, pode ganhar as telas em forma de documentário. A proposta foi apresentada nesta sexta-feira (09/05) ao município de Maricá por representantes do Instituto Afrorigens e do Slave Wrecks Project, que buscam apoio para desenvolver pesquisas arqueológicas e audiovisuais sobre a diáspora africana na região.

A reunião contou com a presença do secretário de Relações Internacionais, Jorge Castor, e da secretária de Comunicação Social, Danielle Ferreira. Segundo os pesquisadores, a descoberta dos vestígios do navio foi possível após levantamentos iniciados em Angra dos Reis, e reforçada por registros históricos que apontam o naufrágio nas proximidades das Ilhas Maricás.

“Essa é uma história que queremos contar para todo o mundo. As nossas Ilhas Maricás são frontais à rota de passagem dos navios negreiros. Antigamente, não havia tecnologia, os comandantes não viam as pedras e acabavam batendo”, explicou Castor, que já conhecia relatos sobre a utilização de Ponta Negra como ponto de desembarque clandestino de escravizados após a proibição no Cais do Valongo, no Rio de Janeiro.

A proposta inclui a produção de um documentário e o desenvolvimento de pesquisas com base em fontes históricas e relatos de moradores locais, quilombolas e pescadores. Para a secretária Danielle Ferreira, o projeto se alinha com a política de fortalecimento da identidade cultural da cidade. “Estamos falando na criação de história, de um legado. O projeto do Afrorigens se conecta com o que estamos desenvolvendo na comunicação da cidade, tanto no cenário regional quanto global. Contribuir para contar e elucidar este pedaço do nosso passado é mais do que um dever, é uma maneira de nos posicionarmos no mundo”, afirmou.

O instituto Afrorigens acredita que o Sumaca Malteza pode se tornar um marco cultural de relevância internacional. Além da possibilidade de tombamento pelo Iphan, os pesquisadores visam o reconhecimento do sítio arqueológico como patrimônio da humanidade pela Unesco.

“Estudar casos como o do Sumaca Malteza tem uma importância – mundialmente falando – enorme. É uma história que está, há muito tempo, escondida. Para se ter uma ideia: de 12 mil navios escravagistas que fizeram viagens por três séculos e meio, trouxeram quinze milhões de negros da África para as Américas, e somente seis foram encontrados e pesquisados até agora. Um desses está em Maricá. A ideia é mostrar isso para o mundo”, destacou Yuri Sanada, vice-presidente do Afrorigens e diretor da Aventura Produções.

Vera Regina Sanada, diretora do instituto, aposta no potencial do documentário como ferramenta de acesso e valorização da história local. “O audiovisual tem uma linguagem mais simples para as pessoas poderem ver e entender. As pessoas da região vão conhecer a sua história mais de perto. Vamos conversar com as pessoas que trouxeram à tona a história oral de quilombolas, dos indígenas, dos pescadores, que mantém viva a história do Sumaca Malteza”, concluiu.

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